Um Império de Águas
Surpreenda-se com os aquedutos, monumentais obras da engenharia romana
Vocês já pensaram sobre o quão complexo foi realizar as grandiosas obras de antigamente? Quando pensamos no Império Romano e lembramos de todos os incríveis monumentos da época, imaginamos que tenha sido muito difícil construir e manter a cidade em funcionamento sem as facilidades que temos hoje.
Algo importante para se notar é que, para facilitar, as cidades eram construídas perto de alguma fonte de água, que era utilizada tanto para as obras, como para suprir as necessidades diárias daquela cidade.
Em Roma, o rio Tibre teve um papel fundamental para a cidade, sendo responsável pela água utilizada na construção da cidade e pela água necessária no dia a dia dos romanos até um certo momento.
Ao longo dos anos, Roma crescer e o rio Tibre não já não poderia mais dar conta de suprir as necessidades da cidade, e outros rios eram muito distantes.
Com essa necessidade, nasceu uma invenção. E a invenção nesse momento foi revolucionária e importante não só para o Império Romano, mas para a engenharia e hidráulica até os dias atuais: os aquedutos! Acquedotto: Acqua: água + dotto: duto. E eram exatamente isso, dutos de água.
Essas incríveis estruturas eram canais cobertos e revestidos por dentro com cerâmica ou chumbo, eles transportavam a água do local onde era captada até locais distantes através de uma pequena inclinação, tão pequena que chega a ser imperceptível quando estamos diante dessas monumentais obras, que podiam transportar água inclusive através de terrenos desnivelados e até mesmo por vales.
Com esse feito, os romanos poderiam aproveitar rios mais afastados, acabando com a limitação da distância e proporcionando mais conforto para as cidades. Os romanos logo dominaram essa técnica e chegaram a construir 10 mil km dessas estruturas ao longo do seu território!
Uma obra desse nível exigia um planejamento impecável pois eram muitos detalhes para se atentar para que tudo desse certo, o que certamente nos faz até hoje admirar a inteligência daquele povo.
A primeira etapa era determinar um rio que fosse adequado para tal empreendimento, com um grande volume de água durante o ano todo, assim como outros aspectos como a vazão de água e a limpidez eram avaliados também.
Tudo era muito bem calculado e, após as análises iniciais da fonte serem aprovadas, começava a compra de terras por onde os canais passariam, e a compra das diversas ferramentas necessárias para as medições.
A manutenção era constante, assim como a proteção dos canais, que podiam ser alvos de ataques.
Hoje vemos alguns desgastes que não são apenas resultado do tempo, mas também porque foram destruídos, como uma estratégia para invasão da cidade ao cortar o abastecimento de água e desestabilizar o povo.
Dos 10 mil quilômetros que foram construídos muitos continuam de pé. Podemos ver alguns desses quilômetros no aqueduto de Segóvia na Espanha, no Aqueduto de Valens na Turquia, no trecho do aqueduto de Nîmes que passa sobre o rio Gordon na França e alguns outros, além, é claro, dos aquedutos de Roma.
Os famosos Acquedotti di Roma são onze principais aquedutos, construídos em épocas diferentes, entre 312 a.C. e 226 d.C.
Eles somavam 500 quilômetros vindos de pontos diferentes e direcionados apenas para a cidade de Roma. Não é à toa que Roma é conhecida como a cidade das águas!
O mais antigo desses aquedutos é o Acqua Appia, construído em 312 a.C, no mesmo ano que iniciaram a construção da Via Appia. O Acqua Appia tinha somente 16 quilômetros de extensão, com poucos arcos pois era quase todo subterrâneo. O mais longo deles foi Acqua Marcia, com incríveis 91 quilômetros de extensão, construído por volta de 140 a.C.
Esses e outros, cada um com sua particularidade, eram os responsáveis por abastecer a cidade de Roma. Com tantos aquedutos, a quantidade de água transportada era enorme, milhões de litros chegavam diariamente em Roma, cerca de 750 litros por pessoa!
Os aquedutos abasteciam residências, banhos públicos e privados, fontes e termas, além de fornecer água para irrigação, moendas, agricultura e mineração. Em Roma aconteciam inclusive competições aquáticas, como os jogos navais dentro do Coliseu.
Desde então, Roma não perdeu sua fama de cidade das águas. Hoje, a maioria desses aquedutos são apenas ruínas, mas não todos. A belíssima e cinematográfica Fontana di Trevi continua a ser abastecida pelo Acqua Virgo, já escrevi sobre esse belíssimo monumento em outro artigo e você pode ler clicando aqui.
Se quiser conhecer mais sobre os aquedutos e ver de perto o quão grandioso foram essas estruturas, visite o Parco degli Acquedotti para se encantar com essas maravilhas da engenharia que revolucionaram Roma.
O parque fica dentro do Parco Appia Antica, que é por onde passa a Via Appia, que já mencionei no artigo que você pode ler clicando aqui. Lá você encontrará alguns desses principais aquedutos, inclusive arcos do Acqua Marcia que foi o maior deles.
Além do Acqua Marcia, lá também estão os aquedutos Acqua Tepula, Acqua Vetus, Acqua Iulia, Acqua Claudia, Anio Novus e Acqua Felice.
Se quiser separar o dia para esse passeio, depois dos Aquedutos você ainda pode visitar as Terme di Caracalla! Será uma visita realmente fantástica.
Espero que você tenha gostado desse breve resumo sobre os aquedutos romanos, fascinantes obras de engenharia que deixaram um importante legado para o mundo.
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Me conte nos comentários qual atração é imperdível para conhecer na Itália e se existe algum ponto turístico que você gostaria de ler a respeito aqui no blog.
Com todos esses locais incríveis você vai precisar se organizar para conseguir ver tudo o que deseja, e falando italiano você viverá uma experiência ainda melhor em sua viagem!
Buona passeggiata!
Grandíssima Roma! É realmente muito interessante essas construções, eram grandes engenheiros os romanos. Bela matéria professor Silvano Formentin.