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  • Silvano Formentin

A arte do vinho italiano: Uvas que Contam Histórias

Por que os vinhos italianos são tão famosos e estão no topo da lista dos vinhos mais desejados pelos apreciadores e degustadores em todo mundo?


A história do vinho italiano remonta tempos antigos, acredita-se que os primeiros vinhedos italianos tenham surgido por volta de 800 a.C. com comprovação de viticultura e produção de vinho desde a época dos romanos.


Ao longo dos séculos, a tradição vinícola italiana evoluiu, incorporando influências de diferentes civilizações e se adaptando às condições climáticas e geográficas únicas. O país conta com mais de 718 mil hectares de vinhedos, desde as colinas da Toscana até as encostas vulcânicas da Sicília, cada região com um sabor único.


Burton Anderson observou em seu trabalho The Wine Atlas of Italy, apenas algumas décadas atrás: "um suprimento diário de vinho básico da aldeia custava aos italianos menos do que seu suprimento diário de pão."

Em função de particularidades de solo e clima da Itália, cada região produz vinhos com características exclusivas. Entre as principais uvas tintas italianas podemos destacar: Merlot, Cabernet Sauvignon, Barbera, Nebbiolo e Malvasia. As brancas mais famosas são a Trebbiano, Chardonnay, Glera (ou Prosecco), Pinot Grigio e Pinot Blanc.


Hoje, a Itália é um dos maiores produtores e exportadores de vinhos do mundo. Para se ter uma ideia, o país produz mais que Chile, Argentina, Portugal e Alemanha.


A autora de “The Wine Bible”, Karen MacNeil, observa: “na Itália, vinho é comida… vinho e pão são tão essenciais para um jantar italiano quanto garfo e faca."

Principais regiões vinícolas da Itália:

Toscana:


Imagem da região da Toscana

A região da Toscana é responsável pela produção de alguns dos vinhos mais conceituados do planeta. E para muitos, é quase impossível mencionar a Toscana sem imaginar suas colinas cobertas de vinhas. É justo que em um país tão proeminente na história da viticultura, a Toscana tenha uma história rica em si. De fato, a história da Toscana começa quase 3.000 anos atrás, quando os etruscos estabeleceram a área pela primeira vez, trazendo videiras e a arte do cultivo de uvas.


Existe um equilíbrio na região que cria um clima perfeitamente adequado para o cultivo de uvas. Quando os etruscos plantaram videiras pela primeira vez, cresceram como árvores — produzindo uma quantidade enorme de uvas.


Um dos vinhos mais famosos do mundo, e talvez o mais famoso de todos os italianos, é produzido na Toscana, o Chianti.


Piemonte:


Piemonte surpreende pela produção de ótimos vinhos brancos e espumantes. Os vinhos, nessa região, são em sua maioria varietais, ou seja, desenvolvidos a partir de um único tipo de uva.


Imagem da região de Piemonte

É precisamente nesta região que iniciou a extraordinária revolução que levou a Itália de volta ao topo da produção de alta qualidade, isso ocorreu com a produção do Barolo. Até então a produção de vinhos piemonteses era principalmente doce, isso, pois, o vinho doce tinha mais resistência as longas viagens marítimas, o que garantia a melhor conservação, outra explicação para isso, seria a uva Nebbiolo, uva utilizada para a produção do vinho. Essa uva possui uma maturação tardia o que, juntamente com o frio da região, interrompia o processo de fermentação e deixava uma quantidade de açúcar residual no vinho.


Veneto:


Conhecida por ser menor que outras regiões produtoras de vinho como Piemonte, Toscana e Lombardia, e produzir mais vinho do que qualquer uma delas. A viticultura de Veneto corresponde a 10% de toda a produção da Itália, acredita-se que as videiras existem há séculos antes de Cristo nesta região e, portanto, a tradição vinícola é milenar. Tanto que as vinhas passaram a ser protegidas por lei desde o ano de 643, no século VII.


Imagem da região de veneto

Appassimento: Este é um processo utilizado para a produção de alguns vinhos de Veneto. Para realizar o processo de Appassimento, as uvas são colocadas sobre camas de bambu onde ficam por até 100 dias em um processo de desidratação que faz com que percam a umidade em até 40%.


Essa técnica era utilizada pelos romanos para a produção de vinhos mais doces, trazida para a região quando um produtor de vinho esqueceu um barril em sua adega, sendo surpreendido pelo resultado do produto meses depois. O processo traz características únicas e marcantes para o vinho e gera um produto com tom escuro, paladar intenso e acidez alta, além de trazer notas de madeira, especiarias e chocolate.



Sicília:

Imagem da região da Sicília.

Acredita-se que as vinhas já existiam na Sicília antes da chegada dos gregos e fenícios, que desempenharam um papel crucial na introdução das uvas na região. Os gregos, em particular, contribuíram significativamente ao implementar suas avançadas técnicas de cultivo e práticas vitivinícolas, elevando assim a capacidade de produção vinícola da região.


É a mais extensa ilha italiana, renomada entre os visitantes por suas deslumbrantes paisagens naturais, culinária exuberante e por ser o berço de vinhos célebres como o Marsala e o Siracusa.



Lombardia:


Conhecida por sua diversidade paisagística, a Lombardia possui características únicas em seu clima e solo, indo desde zonas montanhosas até zonas planas.

A região é lar de uma variedade de uvas, das mais doces as mais ácidas, possibilitando a ampla produção de vinhos de alta qualidade.


Acredita-se que o cultivo da videira na Lombardia, remonta tempos pré-históricos e as primeiras técnicas de vinificação na região foram introduzidas no século VII com a chegada da população.



As uvas da Itália:


Uma das características do vinho italiano é a variedade de uvas autóctones.


Esse tipo de uva pode ser definido como nativa ou originária de uma certa região, podendo ser encontradas somente em seu local de origem, por necessitarem uma combinação específica de solo, clima e altitude para se desenvolverem.


Tipos de uvas:


Sangiovese: Nativa da Toscana e popular na produção de vinhos tintos, a uva sangiovese pertence à família da vitis vinifera. Como característica, ela proporciona aos vinhos altos níveis de acidez e tanino, resultando em aromas que remetem às cerejas vermelhas e notas balsâmicas. É mais utilizada na produção dos vinhos de Chianti, Brunello di Montalcino, Rosso di Montalcino, Montepulciano, além dos cortes dos Supertoscanos.


Trebbiano: Acredita-se que a uva trebbiano seja utilizada para fins vinílicos desde o começo da civilização ocidental, ainda durante a Roma Antiga. No paladar, traz refrescância e elegância. Possui coloração amarelo-intenso, corpo leve e uma acidez alta, característica. No olfato, traz notas de frutas cítricas, como lima e limão, além de frutas verdes, como maçã verde.


Merlot: A uva merlot é famosa por ter aromas e sabores frutados que costumam agradar os iniciantes no universo dos vinhos, assim como aqueles que não dispensam um rótulo clássico. De coloração púrpura, ela proporciona um tom rubi com bordas violáceas em rótulos jovens. Nos envelhecidos, os tons acastanhados ficam evidentes. No aroma, é possível sentir notas de ameixa e chocolate.


Cabernet sauvignon: No caso da cabernet sauvignon, a uva aporta taninos e longevidade, oferecendo aromas de frutas negras à bebida e é comum nos vinhos Supertoscanos.


Malvasia: Por ter um alto teor de açúcar residual, a malvasia é popular na produção de vinhos doces, ao lado da Trebbiano, e está entre as uvas mais famosas da região. Nos brancos, a malvasia tem aromas que remetem a damasco, pêssego e passas brancas. Ao passo que nos tintos, nota-se chocolate, nozes, notas e cacau, caixa de charuto, trufas negras e castanhas.


Canaiolo: Extremamente importante para a composição de um dos vinhos italianos mais famosos, o Chianti, assim como o Vino Nobile di Montepulciano. Com boa resistência, ela entrega um aroma notável e coloração mais densa e escura que outras cepas, o que a torna um tipo de casta ideal para vinhos de corte, acentuando os sabores herbáceos, adicionando taninos suaves e aromas elegantes às combinações.

Imagem de um cacho de uva ainda no pé.

Nebbiolo: conhecida por ser cultivada na região de Piemonte, seu nome deriva da palavra Nebbia (névoa), pois nessa região é comum que uma névoa cubra os vinhedos nas primeiras horas do dia. É uma uva bastante delicada e difícil de ser cultivada, isso porque raramente se adapta a zonas de cultivo fora de Piemonte. O amadurecimento desta uva é tardio e o rendimento é baixo, o que faz com que os vinhos fermentados dela tenham um alto valor.


Barbera: é a uva com maior área de plantio de Piemonte. Os vinhos produzidos a partir desta uva costumam ser colocados em contato com o carvalho antes do engarrafamento e te, notas de cacau. Também é utilizada para elevar a acidez apimentada do vinho.


Em meio aos vinhedos que se estendem pelas colinas da Itália, uma rica variedade de sabores espera para ser descoberta. Os vinhos italianos, são verdadeiras expressões artísticas, são uma viagem sensorial que transporta os apreciadores a uma terra onde tradição e inovação se unem em cada garrafa.

Ao explorar os vinhedos da Itália, mergulhamos não apenas nas profundezas da enologia, mas também a rica cultura italiana. Cada região, com suas uvas típicas e técnicas de vinificação, oferece uma história única.

Entretanto, para além da taça, existe uma oportunidade de enriquecimento ainda maior. Aprender italiano não apenas facilita a comunicação e a compreensão dos vinhos locais, mas também abre as portas para uma imersão cultural profunda.


Imaginem poder dialogar com os viticultores locais, entender as tradições transmitidas de geração em geração, e participar ativamente das festividades que permeiam a vida italiana.

Dominar o idioma é como desvendar os segredos guardados nos vinhedos e compreender as histórias contidas em cada barril. É uma ferramenta que transcende o simples ato de pedir uma garrafa; é um convite para se tornar parte integrante da rica cultural italiana.

Então, ao planejar sua próxima visita a Itália considere não apenas degustar os vinhos, mas também mergulhar na língua que os envolve. Aprender italiano transforma a experiência de simplesmente saborear um vinho em uma jornada autêntica, onde cada palavra aprendida é um passo mais profundo na compreensão deste universo fascinante. Afinal, a verdadeira magia de um vinho italiano vai além do paladar; ela reside na habilidade de decifrar as histórias contadas por cada garrafa, conectando-se de forma única e autêntica com a cultura que a produziu.

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Salute alla bellezza della lingua e del vino italiano!

(Brindemos à beleza da língua e do vinho italiano!)


Arrivederci


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