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  • As receitas italianas mais conhecidas e copiadas

    Não há dúvidas que a culinária italiana é cheia de sabor, mas será que as receitas e os ingredientes que chamamos de italianos são assim mesmo? Quando imaginamos uma viagem maravilhosa para Itália, logo nos vem ao pensamento os belos pontos turísticos e todos os pratos típicos que poderemos apreciar admirando a paisagem. A tradicional pizza italiana, a lasanha à bolonhesa, o espaguete ao molho de “pomodoro”, o expresso, o vinho e de sobremesa um belo tiramisù. Um terço da despesa dos turistas que conhecem o país da bota destina-se à culinária, somando cerca de 30 bilhões por ano. E a culinária típica não é deixada de lado na escolha dos souvenirs: 42% dos turistas escolhem um produto típico italiano para trazer na mala, como vinho, queijos, salames e azeite de oliva extravirgem. A culinária italiana é reconhecida em todo globo, mas alguns aspectos tipicamente italianos se perderam no caminho da imigração. Muitas das receitas que conhecemos hoje nos foram passadas pelas recordações que nossos antepassados tinham de sua vida na Itália. Mas quando tentavam reproduzir as receitas de sua terra natal não era fácil encontrar os ingredientes utilizados nas receitas originais, sendo necessário algumas adaptações. Com o tempo essas adaptações foram afastando as receitas conhecidas por nós das tradicionais receitas italianas e seus ingredientes regionais. Montamos uma lista com as cinco receitas italianas mais conhecidas e copiadas pelo mundo para você repensar sua “receita italiana” ou estar preparado quando pousar no país da bota e as refeições forem no mínimo, um pouco diferentes do que você imagina. 1. Pizza Um dos pratos mais conhecidos da culinária italiana com certeza é a pizza, mas é também um dos mais modificados. Na Itália a pizza é um prato individual, com uma massa fina e recheios simples e tradicionais, sendo a massa a protagonista da receita. Os sabores italianos tradicionais são vistos por muitos brasileiros como exóticos, pois levam ingredientes regionais e que deixam a pizza mais leve do que a conhecida no Brasil. Alcachofras, cogumelos, berinjela e anchovas são alguns dos ingredientes mais utilizados, junto com molho de tomate, queijos e azeite de oliva. Uma das pizzas italianas que mais mistura sabores e ingredientes é a pizza quatro estações, que leva: presunto, alcachofra, cogumelos e azeitonas. Se na Itália a pizza agrada por sua simplicidade, ao atravessar o oceano o paladar é bem diferente. No Brasil, pizza é sinônimo de extravagâncias! Pedida para ser saboreada em grupo, a pizza é o prato das reuniões animadas. Para saciar a fome de todos, os tamanhos “grande”, “família” ou “gigante” são os mais pedidos, sempre com muito recheio. E os recheios são cheios de ousadia! Os brasileiros são muito criativos na hora de cobrir a massa, com os ingredientes mais variados possíveis, que deixariam qualquer italiano “raiz” aterrorizado, assim como a forma da própria pizza em si. Pepperoni com abacaxi, filé aos quatro queijos, estrogonofe com batata palha, coração de frango com muçarela. Sem falar nas pizzas de cachorro quente, acarajé ou fondue de queijo que devem levar um italiano a ter um ataque! Muito distante da simplicidade italiana, as pizzas brasileiras ainda tem opção com bordas recheadas, com cheddar, catupiry, coxinha, cachorro quente, cream cheese e sabe se lá mais o que! Eu adoraria saber quais os tipos exóticos de pizza e de bordas aí na sua cidade, escreva nos comentários. 😊 Temos também pizzas doces cheias de frutas, gemada e chocolates. E se nosso amigo italiano ainda não teve seu ataque, podemos colocar ketchup e maionese na pizza! 2. Lasanha à bolonhesa A típica culinária italiana é preparada com paciência e dedicação, com ingredientes simples e cheios de sabor. Conhecido no Brasil como molho bolonhesa, o molho não tem nada de italiano. Diz-se que o molho é chamado assim porque é oriundo da Bolonha, mas lá dizem que “molho bolonhesa não existe”, sendo motivo de piada e desgosto para os locais. O molho italiano que mais se assemelha ao nosso conhecido “bolonhesa” é o ragù. O ragù é um molho feito com carne bovina e/ou suína cortadas diversas vezes ou moída de forma bem grosseira. Em algumas regiões o molho leva cenouras, bacon ou vinho. Mas algo é certo, é preciso paciência para prepará-lo! O molho leva em média duas horas para ficar pronto. A lasanha é um prato montado com muitas camadas de sabor e paciência. Se apenas o ragù leva em média duas horas para ficar pronto, a lasanha toda então... E como hoje queremos tudo rápido, muitas vezes pulamos ou encurtamos as etapas deste prato de preparação lenta. Na versão conhecida brasileira, o ragù foi substituído pelo molho bolonhesa, que fica pronto muito mais rápido. Algumas pessoas trocam o molho bechamel feito em casa por algum que vem pronto em caixinha ou sachê. E em algumas famílias a lasanha não vai mais ao forno, ela foi trocada pela versão industrializada que vem congelada e fica “pronta” em doze minutos no micro-ondas! Imagina uma nonna italiana vendo isso! 3. Espaguete al pomodoro O espaguete com molho de tomate é um clássico italiano, reconhecido do norte a sul do país por seus poucos ingredientes. Mas se ao pensar nesse prato você lembrou do clássico filme da Disney com a Dama e o Vagabundo comendo macarrão juntos, você pensou no prato errado. O prato italiano é feito com espaguete, um bom molho de tomate e manjericão para finalizar. Nada de almôndegas como no filme. A versão americana uniu o espaguete com molho de tomate com as “polpetas” italianas, dando origem ao Spaghetti with meatballs que aparece no desenho animado e difere-se da versão tradicional italiana por consumir carne e massa no mesmo prato. Podemos lembrar também que algumas versões brasileiras são feitas com calabresa, frango, ou ainda salsichas. 4. Parmegiana Se você ficou na dúvida entre parmegiana de frango ou carne, se enganou mais uma vez. A tradicional parmegiana preparada na Itália não leva nenhum dos ingredientes. No país da bota o prato é preparado com berinjela! No modo tradicional de se preparar esta receita, a berinjela é cortada em fatias e frita, sem ser empanada (à milanesa) como feito no Brasil. Depois de fritas, as fatias são dispostas em uma travessa e temperadas com molho de tomate, manjericão, muçarela, parmesão e assadas. O prato é feito em camadas e lembra uma lasanha, só que neste caso, com berinjela e sem molho bechamel, mas muito sabor. 5. Pasta alla carbonara O Carbonara day é comemorado em 6 de abril e neste ano dois órgãos se uniram para fazer um desafio um quanto inusitado. A Associação das Indústrias do Doce e da Massa Italianos (Aidepi) se uniu a Organização Internacional da Massa (IPO) para incentivarem os italianos a utilizar as hashtags #CarbonaraChallenge e #Carbonaraday mostrando suas reproduções da receita. Neste caso, o prato encontra divergências no modo de preparo dentro da própria Itália. Diz-se que a versão clássica é feita como ovos, guancialle (tipo de bacon não defumado, feito com a bochecha do porco), pimenta e Pecorino Romano. A versão britânica costuma retirar o ovo da receita e incrementá-la com creme de leite ou nata, ervilhas e cogumelos (Mamma mia!). No Brasil costuma-se usar o bacon no preparo da receita, que as vezes não agrada algumas pessoas por acharem que o ovo ficará cru. Porém até hoje não se sabe ao certo a origem do prato que foi mencionado pela primeira vez em 1951 em um filme italiano e teve sua receita divulgada pela primeira vez em um guia de restaurantes de Chicago, Estados Unidos. Qual registro tem mais validade para conquistar o título de país da carbonara? Sempre que vou ao mercado, procuro comprar azeite italiano, pela qualidade, pela identificação cultural e claro, porque adoro produtos italianos. Mas recentemente descobri que uma bandeirinha da Itália no rótulo e, pasmem, estar escrito "Made in Italy" no rótulo não é nenhuma garantia de que você está comprando um azeite 100% italiano. Isso porque algumas marcas de azeite, inclusive de outros países europeus, são importadas para o Brasil à granel, em grandes tonéis, e só depois de chegarem ao destino é que o azeite é engarrafado. E é aí que está o problema. A legislação brasileira permite que nesse processo seja adicionado ao azeite outros óleos como o de girassol, soja, milho, etc. Triste não? Pois é, e então você deve estar se perguntando: Silvano, como vou saber se o azeite é puro italiano? Eis a valiosa resposta: observe o número do código de barras, se os três primeiros números forem a sequência 789, significa que o azeite foi engarrafado no Brasil e provavelmente não é puro. Outra informação importante que você deve observar é encontrar escrito no rótulo "imbottigliato in Italia". Ainda assim, se você tiver dúvidas, pode fazer o teste definitivo: coloque três dedos de azeite de oliva italiano extra virgem em um copinho e leve ao congelador por uma noite. No outro dia, tente enfiar o dedo no azeite, ele tem que estar completamente congelado, igual uma pedra de gelo. Se ele estiver macio e conseguir furar com seu dedo, significa que ele tem óleo de soja misturado. O planeta é imenso e existem muitas formas de se fazer uma mesma receita, assim é muito difícil conhecer todas alterações no modo de se preparar as típicas receitas italianas. Mas os produtos são um pouco mais fácies de serem identificados, e assim também encontrar intrusos nas prateleiras dos mercados. Os italianos possuem até um termo para chamar estas imitações dos produtos italianos: Italian sounding. Este termo é utilizado para denominar o movimento que se iniciou nos anos 80 e utiliza cores, símbolos e idioma para que os produtos se passem por italianos. Mas na verdade quando lemos os rótulos atentamente, não tem nada Made in Italy ali. Entre os produtos mais imitados do Bel Paese estão o Parmiggiano Reggiano, a Mozzarella di Bufala e o Prosecco, e o movimento é visto principalmente na América, Austrália e países europeus. Muitas vezes os consumidores compram os produtos que se utilizam destes artifícios sem perceber que estão dando poder para as empresas que se fazem passar por aquilo que não são, comercializando produtos que na realidade estão longe de ser aquilo que parecem. Este movimento se desenvolveu ao ponto de se tornar uma concorrência desleal com os produtores italianos. Cada vez mais os produtores italianos veem seu mercado sendo invadido por cópias e não conseguem concorrer globalmente com estes produtos devido ao valor inferior cobrado pelas cópias. Não é algo simples, mas devemos buscar conhecer e saber o que realmente estamos consumindo e quem estamos apoiando. Com o objetivo de auxiliar os consumidores e conscientizá-los sobre o consumo de produtos Italian sounding foram desenvolvidos um site e um aplicativo que buscam encontrar e informar o consumidor sobre este tipo de produto. L’autentico tem como slogan: “Apenas porque parece italiano, não significa que seja autentico” e o site tem diversos artigos sobre produtos e receitas típicas italianas. O site está em italiano e nos ajuda a praticar o idioma, mas o aplicativo está em inglês, já que se destina a encontrar produtos e receitas fora da Itália. Cada um possui suas preferências, mas o importante é que nossas escolhas sejam feitas com consciência do que representam. Com a globalização podemos escolher entre um produto de origem italiana, americana, brasileira ou de outros países. Desde que essa seja uma escolha da qual sabemos o que estamos consumindo, sem pensar que aquele produto é italiano e na verdade fomos enganados. O mesmo acontece com as receitas, estamos livres para criar e provar diversos sabores de pizzas, lasanhas ou parmegianas. Podemos desenvolver nossas versões pessoais inspiradas nos clássicos italianos, adicionando ou tirando ingredientes como sempre fizemos, mas agora pensando melhor quando dizemos “receita italiana”. Também àqueles que futuramente irão conhecer a Itália e sua culinária, não acharem estranho quando a receita apresentada for diferente daquela conhecida no seu país. Tenho outro artigo no meu blog que fala sobre comida típica italiana, você já o leu? Mas te aconselho a não ler antes do almoço, ok? Clique no link abaixo para ler: 5 comidas (muito esquisitas) que os italianos adoram Desejo que você faça escolhas conscientes, nutra seu corpo com carinho e receitas deliciosas. Não esqueça de comentar o que achou desse artigo e compartilhar com sua família. Ah, também fique à vontade para escrever sugestões de próximos assuntos a serem tratados aqui. Buon appetito!

  • Lançamento do podcast mais completo sobre cultura italiana

    Dia nove de dezembro poderia ser uma segunda-feira como todas as outras, mas não será! Já é quase unânime: segunda é dia de promessas e desmotivação. Infelizmente, a maioria de nós começa a ficar triste no domingo, pensando no início da semana e em todos os seus afazeres. Em todas as promessas acumuladas para a segunda-feira. Mas para mim esse modo de ver a vida nos limita e frustra e eu quero mudar o início da sua semana. Não só da próxima semana! Você deve estar pensando: mas Silvano, prometer a si mesmo coisas para segunda-feira é ruim, porque você está fazendo isso? Primeiro para te dar tempo! Tempo para você refletir se o que está adiando é algo que você realmente deseja ou é uma promessa vaga para agradar aos outros. Segundo, eu não estou adiando este projeto para semana que vem. Ele foi pensado para fazer você refletir e será lançado em uma segunda, propositalmente, para testar quem quer começar a semana de forma diferente ou adiando projetos. Quero que você comece a próxima semana tendo certeza na sua escolha de fazer algo diferente, e o mais importante, algo melhor. Se você me acompanha há algum tempo, já percebeu que, seja nos vídeos ou por textos, não estou aqui só para ensinar italiano. As minhas redes sociais são canais para eu compartilhar muitos conteúdos sobre aprendizado, turismo, imigração, e claro, idioma italiano. E com o podcast Italiano com Silvano não será diferente. O que o podcast Italiano com Silvano terá de especial? Ele será um canal para troca mais intensa sobre cultura italiana. Um conceito que gosto sobre cultura é de Edward B. Tylor: “Todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. E dentro deste tema, vamos falar sobre turismo na Itália, história da imigração italiana, cidadania italiana, sem deixar de lado o idioma. Tudo de uma forma descontraída e trazendo muitas dicas de como desenvolver suas habilidades. Uma mudança nítida estará na forma de como você vai consumir este conteúdo: por áudio. O modelo de podcast vem crescendo nos últimos tempos e eu não poderia deixar de compartilhar com meus alunos e com as pessoas que me seguem, estes conteúdos de uma forma que seja mais acessível e prática. As vantagens de ouvir podcasts são a praticidade, já que podem ser ouvidos em qualquer situação e podem ser baixados no celular para ouvir off-line sem praticamente usar quase nada da memória do seu telefone. São grátis e sem anúncios incômodos. Ao assinar o meu podcast, os episódios liberados serão automaticamente baixados em seu dispositivo quando ele estiver conectado à internet. Assim eles ficarão guardados na sua “biblioteca” para serem ouvidos quando você quiser, ainda que não tenha conexão naquele momento (muito útil, não é?). Na maioria dos aplicativos de podcast você pode escolher se os episódios serão baixados automaticamente ou se você prefere apenas ser notificado de um novo episódio e depois decidir se baixa ou não manualmente. Costumo compartilhar que precisamos pensar a forma como fazemos as coisas e que precisamos mudar alguns aspectos das novas vidas, então seguirei com meu propósito de fazer as coisas de maneiras diferentes e cada vez mais espalhar conhecimento. Sei que muitas pessoas gostam de me ver, e acompanhar por escrito o que estou falando e isso não deixará de ser feito, mas o podcast foi pensado para que eu acompanhe você em outros momentos. Quero que você possa acompanhar estes conteúdos enquanto está preparando a sua refeição ou da sua família, enquanto está indo para o trabalho (mas sem perder a atenção no trânsito), enquanto está se preparando para descansar para um novo dia, ou ainda no seu momento de descanso após o almoço de domingo. Tem coisa melhor do que transformar um momento de ócio em um momento de aprendizado leve e descontraído? Muitas vezes eu faço isso antes de dormir ou enquanto preparo o almoço (sim, eu faço o meu almoço quase sempre), ouvindo o Cortella, o Pondé, o Dr. Dayan e os meus próprios vídeos. Essas são apenas algumas opções e você poderá adaptar conforme sua rotina e hábitos. Onde você vai encontrar meu podcast? Os episódios estarão disponíveis em uma aba no canto superior direito aqui no blog, no Spotify, podcast da Apple e na plataforma Anchor. E se você pensou em adiar para ver mais que um episódio seguido, eu já estou preparado! Nossa semana vai começar com SEIS EPISÓDIOS recheados de muito conteúdo para você “maratonar”, começando a semana com muito mais informação e entretenimento. Mas vou dar aqui um resumo do tema do primeiro episódio: Primeiro, vou falar de forma mais detalhada que tipo de conteúdo você vai encontrar nos episódios do podcast Italiano com Silvano. Vou contar também um pouco da minha jornada até me tornar professor de italiano, minhas dificuldades e o que fiz para superá-las e chegar até aqui. E não poderia faltar: frases úteis em italiano para uma situação especial, que absolutamente 100% das pessoas que vão à Itália passam logo no primeiro dia. E não, não é simplesmente como dar bom dia e falar obrigado. Espero que você tire um tempo para você, reflita sobre seus objetivos e comece a próxima segunda-feira com uma nova visão das suas metas. E se sua meta for aprender mais sobre cultura e língua italiana eu estarei te esperando com o podcast: Italiano com Silvano! Arrivederci!

  • Intercâmbio na Itália: 21 perguntas e respostas que você precisa ler antes de fazer as malas

    Qual a melhor idade para fazer intercâmbio, quanto custa, quais os processos de visto, o que preciso para fazer um intercâmbio inesquecível na Itália? Reuni as dúvidas mais pertinentes para você se preparar e realizar essa experiência transformadora. São poucas coisas na vida que causam a mesma sensação nas pessoas. O intercâmbio em outro país é uma dessas experiências. Desconheço alguém que tenha feito intercâmbio e não diga que transformou sua forma de viver, de pensar, ou ainda que não indique essa como uma experiência que todos deveriam ter pelo menos uma vez na vida. A experiência de intercâmbio é realmente transformadora, e se for na Itália, país que nutro uma paixão infinita por sua língua e cultura, melhor ainda. Como já passei pela experiência de viver no país da bota, separei as perguntas mais frequentes e que você precisa saber antes de fazer as malas. Então prepare papel e caneta ou salve este artigo como favorito e não esqueça desses passos. Tudo pronto? Então vamos lá. 1 - Por que escolher a Itália para um intercâmbio? Não teria como iniciar o texto sem essa pergunta. Embora a decisão de escolher o país e a cidade para fazer um intercâmbio deva ser restritamente pessoal, existem alguns motivos que fazem da Itália uma boa opção para escolha. Entre eles estão: a cultura italiana, admirada por todo o mundo e reconhecidamente como uma das mais ricas da história da humanidade. Aliás, um fato curioso sobre arte e cultura, é que a Itália concentra 75% de todo o patrimônio cultural do mundo. Falei sobre isso recentemente nesse post do Instagram: Então se você gosta de cultura, a Itália é o país perfeito. Mas não é só esse o motivo. Além da riqueza cultural, a Itália é um dos poucos países europeus que concedem bolsas de estudos para estrangeiros, o que viabiliza - e muito - o sonho de diversos brasileiros de realizar um intercâmbio na Itália. Há ainda outros bons motivos para escolher o solo italiano para sua experiência de intercâmbio, como a comida italiana, belíssimas paisagens, ser reconhecida como referência da moda, o inigualável gelato, reconhecido como o melhor do mundo e, é claro, a linda e romântica língua italiana. Naturalmente a decisão de escolha do país e cidade para seu intercâmbio cabe somente a você, mas não há como negar o quanto essas características são tentadoras. 2 - Qual a idade máxima para fazer um intercâmbio na Itália? Essa é uma pergunta muito legal e que pode te surpreender. Não há idade máxima para fazer um intercâmbio na Itália, ou em qualquer outro país. O que existem são planos de intercâmbio voltados para uma determinada faixa etária, um produto de agências de viagens que são direcionados para um público específico. Mas assim como os intercâmbios de ensino médio, voltados para jovens até 18 anos, e os de faculdades, direcionado para pessoas de 18 até 30 anos, também existem programas para pessoas acima dessa faixa etária. Inclusive, tem aumentado o número de programas de intercâmbio voltados para pessoas com mais de 50 anos, e a tendência é crescer ainda mais. Mais um motivo para não permitir que a idade limite seus sonhos. 3 - Quanto custa um intercâmbio na Itália? Talvez a pergunta mais recorrente desse processo e a mais difícil de responder precisamente, já que depende de muitos fatores, como data de viagem, cidade escolhida, curso ou programa adquirido, local de moradia na cidade, cotação da moeda estrangeira, entre muitos outros. Mas calma, chegaremos juntos a um valor estimado. Mas lembre-se, é apenas uma estimativa, muito provavelmente o valor final do seu intercâmbio será diferente do que faremos aqui. Inclusive a cotação da moeda tende a ser diferente. Vale lembrar que usaremos a cotação de R$ 4,84, disponível no dia 28/11/2019. Dentre os itens que devemos considerar para fazer um intercâmbio na Itália estão: Programa de estudos: Talvez o primeiro item pesquisado pela maioria - ou talvez 100%- das pessoas que estão pretendendo fazer um intercâmbio na Itália. O valor varia bastante dependendo do tipo de curso escolhido. Nos cursos de língua italiana, a escola, dedicação dos professores (se é um curso individual ou coletivo) e o número de horas-aula na semana são os itens que mais influenciam no valor final do curso. Por exemplo, considerando um curso coletivo de 4 horas de aula por dia, com aula todos os dias da semana, durante duas semanas, o valor médio é de 440,00 euros ou R$ 2.129,60 na cotação atual. Se você optar por curso intensivo e individual, esse valor pode chegar a 1.260 euros semanais, ou a bagatela de R$ 6.098,40 a cada semana, R$ 24.393,60 em um mês. Mas vamos considerar o curso coletivo nessa estimativa, portanto temos R$ 2.129.60 referente ao curso de italiano na Itália. Vamos ao segundo item. Acomodação na Itália É bastante comum as escolas de italiano ofertarem acomodações estudantis ou indicarem parceiros com preço bem reduzido para quem está inscrito nas aulas. No entanto, essas acomodações costumam ser para compartilhamento com outro estudante. Então se você pretende fazer seu intercâmbio na Itália com outra pessoa, essa pode ser uma excelente opção. Para termos uma ideia, o preço de um quarto compartilhado para duas semanas em Roma, através do sistema de parceria com a escola de italiano, gira em torno de 300,00 euros, enquanto que fora desse sistema, um quarto do mesmo nível de conforto não sai por menos de 40,00 euros por dia, ou 560 euros pelo mesmo período. Sim, é quase o dobro. Clicando aqui você pode ter uma ideia dos valores de acomodações oferecidos pela Dilit Italian School, uma das escolas de italiano mais tradicionais de Roma. Uma informação muito importante sobre esses quartos, é que eles ficam disponíveis apenas durante o prazo contratado para o curso. Ou seja, não é possível alugar essas acomodações após o curso terminar. Se quiser permanecer na Itália após o curso (o que é amplamente indicado), será necessário alugar um outro quarto. Você pode também pesquisar no Airbnb, mas legal mesmo é você ter algum amigo que já more em alguma cidade italiana passar uns dias com ele. Para nossa estimativa, vamos considerar o seguinte cenário: um mês em Roma, sendo as duas primeiras semanas em um quarto compartilhado indicado pela escola e as duas semanas restantes em um quarto do mesmo nível, fora do sistema. Nessas circunstâncias, a estimativa de valores ficaria assim: Duas semanas em quarto duplo - escola de italiano: 300 euros ou R$ 1.452,00. Duas semanas em um quarto - casa compartilhada: 560 euros ou R$ 2.710,40. Total de acomodação para um mês: 860,00 euros ou R$ 4.162,40. Importante dizer que considerei os valores da região central de Roma, uma das cidades mais procuradas em um intercâmbio na Itália. Dependendo da cidade e do bairro escolhidos, os valores serão diferentes, e você pode encontrar valores mais baixos. Agora nosso terceiro item essencial: Transporte e alimentação Este item é ainda mais complicado de estimar, uma vez que ele é diretamente ligado ao quanto você pretende se locomover dentro da cidade. Mas uma notícia boa, é que o sistema de transporte público na Itália é muito organizado e eficiente, e muitas cidades possuem diferentes tipos de planos, que vão desde uma passagem diária até abonos turísticos mensais e anuais. Em Roma por exemplo, você pode optar pela passagem BIG, que permite você usar o transporte público de forma ilimitada do momento da validação do tíquete até a meia-noite do mesmo dia. Com um único bilhete, você pode usar o metrô, ônibus, bondes, além dos trens locais entre Roma-Lido, Roma–Viterbo e Roma–Pantano, e o trolebus, que são os ônibus elétricos da cidade. Nesse site você tem mais informações das passagens. Inclusive estou pensando em escrever um artigo somente sobre transporte na Itália, se você gosta da ideia, comente nesse texto. Vale ressaltar que se você ficar hospedado em uma acomodação parceira da escola, poderá ir caminhando para a aula, pois elas sempre ficam muito próximas do curso. Já sobre alimentação, é possível tomar um café da manhã com suco, sanduíche e capuccino por €10. Para o almoço e jantar, embora existam restaurantes para todos os bolsos e gostos, uma refeição custa de 10 a 25 euros. Então considerando que você faça três refeições diárias em restaurantes, será preciso destinar o valor médio de 40 euros por dia para alimentação, o que resulta em 1.200 euros mensais, ou R$ 5.808,00. Acrescentando os 6 euros diários do transporte público urbano, teríamos um total de 180 euros ou R$ 871,20 de transporte. Nossa estimativa final de transporte e alimentação nesse cenário de um mês de intercâmbio na Itália ficaria por 1.380 euros ou R$ 6.679,20. Evidente que esse valor tende a reduzir drasticamente se você comprar os alimentos no mercado e preparar suas refeições em casa. Se você tem essa possibilidade, vale muito a pena para seu bolso. Custos de viagem Além de todos os valores que vimos, também precisamos considerar as passagens e o seguro viagem. Falando de passagens, recentemente escrevi um artigo bem legal sobre melhores assentos de um avião, vale a pena conferir. Existem diversos sites na internet que fazem busca por passagens de avião mais baratas. Em média, uma passagem de ida e volta para Roma partindo de São Paulo custa R$ 3.000. Vale lembrar que a época do ano, empresa e número de conexões do voo podem variar - e muito - essa estimativa. Além disso, se você é uma pessoa que costuma levar bastante roupa, pode ser que seja necessário desembolsar um pouco mais para excesso de bagagem, então esteja preparado. O seguro saúde é outro item indispensável para seu intercâmbio na Itália. Naturalmente que os valores variam dependendo da empresa escolhida e do perfil do segurado (idade, motivo da viagem, tempo de permanência, entre outros itens), mas é possível encontrar um seguro saúde razoável por R$ 700,00, que cobre diferentes tipos de despesas médicas durante o período de 30 dias. A dica aqui é ler atentamente as coberturas oferecidas, se há suporte de atendimento e principalmente, quais as instituições da cidade escolhida para seu intercâmbio na Itália que aceitam seu seguro. Em soma, temos R$ 3.700 em despesas de viagem, sem considerar possíveis gastos com excesso de bagagem e transporte entre aeroporto e hotel, nos dois países. Hora de somar tudo? Ainda não, falta um item muito especial. Fundo de reserva Este é um item fundamental, porém pouco lembrado na hora de fazer um intercâmbio na Itália. Acredite, ter um fundo de reserva, um dinheiro extra pode salvar muitas vezes o seu dia durante sua experiência no país da bota. Embora você tenha previsto grande parte dos seus custos, é sempre bom estar preparado para gastos extras com alimentação, transporte e passeios locais, além de é claro, imprevistos. Minha dica é separar pelo menos 30 euros por dia como reserva, até porque serão infinitas tentações para quem, assim como eu, é apaixonado pela cultura italiana. Lembranças, museus, gelato, peças de teatro e tantas outras coisas legais que certamente irão chamar sua atenção. Nesse cenário, o total de fundo de reserva seria 900 euros ou R$ 4.356,00. Você pode estar pensando agora: “nossa, quanto dinheiro”, mas quero te lembrar que é só um fundo de reserva, se você economizar, vai sobrar bastante. Isso varia muito de cada pessoa. Outra dica valiosa sobre atrações na Itália é comprar os ingressos antes, através de sites e serviços como o Roma Pass, que é um passe que combina atrações com transporte, disponível em duas versões: A versão de 72 horas tem valor médio de 38,50 euros e dá direito a 72 horas de transporte público ilimitado, além de duas atrações gratuitas e 20% de desconto a partir da terceira atração visitada. Já o Roma Pass 48 horas, custa 28 euros e dá direito a 48 horas de transporte público ilimitado, uma atração gratuita e 20% de desconto a partir da segunda atração visitada. Independente da modalidade escolhida, optar pela compra antecipada dos ingressos certamente vai transformar seu intercâmbio na Itália. Total da estimativa Agora que consideramos alguns itens essenciais, temos um valor aproximado de uma estimativa de investimentos de um intercâmbio na Itália. Preparado? Então vamos lá: R$ 2.129,60 para duas semanas de curso de italiano em Roma; R$ 4.162,40 para um mês de acomodação em Roma; R$ 6.679,20 para alimentação e transporte diário; R$ 3.700,00 para passagens aéreas (ida e volta) e seguro durante a permanência no país; R$ 4.356,00 para o fundo de reserva indicado para aproveitar o intercâmbio na Itália; Total: R$ 21.027.20. O que você achou desse valor ? Está próximo do que você esperava? Lembrando que esse é um valor que vai além do intercâmbio na Itália, também consideramos 15 dias de viagens pelo país da bota. Mas não deixe de comentar no fim do texto. Agora vamos a próxima pergunta. 4 - Quais os documentos necessários para fazer um intercâmbio na Itália? Depende muito do tempo que você quer permanecer no país. A notícia boa é que os brasileiros são isentos de visto para viajar à Itália a turismo, negócios, competição esportiva, convite, missão ou estudo, desde que a estadia não exceda 90 dias. Para os casos acima, basta preencher um documento chamado “Declaração de Presença” ou Dichiarazione di Presenza, em até oito dias após a chegada ao país. Os demais documentos que você precisa ter são um passaporte válido por no mínimo toda a duração do seu curso na Itália e a contratação de um seguro de saúde. 5 - É preciso falar italiano para fazer um intercâmbio na Itália? Também depende muito do seu tipo de intercâmbio na Itália. Para os cursos de curta duração, geralmente não é obrigatório, mas é altamente indicado. Inclusive, para viver uma experiência turística ainda melhor, falar italiano certamente transformará sua viagem a Itália. Recentemente minha amiga Tathy Agnellino compartilhou sua experiência sobre isso nesse post. No entanto, algumas opções de intercâmbio na Itália, como cursos de graduação ou cursos de longa duração, exigem um certificado de proficiência em Italiano. Mas isso é assunto para outro artigo. Se você quer que eu faça um artigo sobre esse assunto, escreva nos comentários. 6 - Quanto é o custo de vida na Itália? Esse é um tópico que merece um artigo inteiro só pra ele, ou quem sabe um vídeo, visto que são inúmeros fatores para discutir. Mas simplificando, o custo de vida italiano é mais baixo do que no Brasil, se levarmos em conta a mesma faixa de salário e custo de vida. Por exemplo, considerando custos como educação, moradia, alimentação, saúde, transporte, internet, luz e água em uma cidade como Roma, teríamos o custo fixo de aproximadamente 500 euros, pouco menos de 50% da renda mínima italiana. Já no Brasil, esses mesmos custos consomem praticamente toda a renda de uma pessoa. No entanto, vale lembrar que não há um salário mínimo definido por lei na Itália, mas os menores valores pagos superam os 1.100 euros, ou seja, é um custo de vida muito favorável se considerarmos a qualidade de vida na Europa. Para ter uma ideia mais aproximada, você pode usar sites como o Numbeo, que fornecem uma lista comparativa de itens básicos de diversas cidades do mundo, é bem legal. Clicando aqui você acessa o custo de vida da cidade de Roma. Em breve voltarei a escrever mais sobre esse assunto. 7 - Como é a segurança na Itália? Um dos principais diferenciais do país da bota. Você pode andar tranquilamente na rua, passear pelas praças, usar o transporte público e tudo mais, sem correr o risco constante de ser assaltado. Certamente que existem casos de furtos, principalmente nas grandes cidades e nas estações de trem centrais, mas nada que assuste nós brasileiros que, infelizmente, estamos acostumados a um país com altos índices de criminalidade. Nos quase três anos que morei na Europa (Itália e Alemanha), felizmente nunca tive problemas com isso. Foram inúmeras vezes que caminhei sozinho à noite em Milão, Verona, Turim e em Mainz. 8 - Quais as principais cidades para fazer um intercâmbio na Itália? Sou suspeito para listar as melhores cidades para um intercâmbio na Itália, já que sou apaixonado por todo esse país e cultura, tão ricas e únicas no mundo. Por isso, vou usar um levantamento realizado em 2018 pelo jornal italiano Il Sole 24 Ore, que realiza desde 1990 um ranking das melhores cidades de acordo com a qualidade de vida que oferecem. Dentre os critérios avaliados estão a economia, emprego, serviços, cultura e tempo livre. No último levantamento, as cidades de Milão, Aosta e Bolzano ficaram com as primeiras colocações, mas também vale citar Roma que sempre aparece nas primeiras posições. Além de Veneza, Turim, Gênova, Catânia, Bari e Bolonha que melhoraram seus aspectos. Independente da cidade que você escolher, certamente seu intercâmbio na Itália será uma experiência transformadora, já que no ano passado a Itália foi eleita o país com a população mais saudável do mundo, cuja expectativa de vida supera os 80 anos. Incrível, não? 9 - É possível viajar pela Europa em um intercâmbio na Itália? Sim, e além de possível é altamente indicado. Mas atenção: existem diferentes linhas de trem com taxas, duração e principalmente serviços adicionais diferentes. Uma dica valiosa é falar italiano ao ir viajar de trem dentro da Itália, já que o mais comum é os trabalhadores desse setores falarem somente italiano. Nesse vídeo abaixo eu dou uma dica sobre isso. 10 - É possível trabalhar durante um intercâmbio na Itália? Nos casos de viagens até 90 dias, seja turismo ou cursos de curta duração, não é possível trabalhar legalmente na Itália. O visto de trabalho - ou lavoro - na Itália deve ser obtido na Embaixada ou Consulado da Itália ainda no Brasil, por alguém que já tenha uma oferta de emprego no país da bota. Este visto possui três modalidades: subordinato, concedido por vínculo empregatício formal, autonomo para sócios de empresas, profissionais autônomos ou liberais e ainda o stagionale, específico para trabalho sazonal. Se você tiver interesse em saber mais desse assunto, deixe seu recado nos comentários. 11 - Como funciona o processo de visto para um intercâmbio na Itália? Se seu desejo é fazer um curso de longa duração, superior a 90 dias, ou mesmo migrar para Itália, tirar um visto italiano é um dos passos mais importantes desse processo. Naturalmente que os requisitos mudam conforme a modalidade de visto desejada, mas dentre as etapas necessárias estão a ida até o consulado da sua região e a apresentação de documentos como: Passaporte válido; Formulário de pedido de visto; 1 fotografia; Comprovante de residência; Comprovante de meios de subsistência na Itália; Comprovante de inscrição na universidade (em caso de curso, ou contrato de trabalho); Seguro saúde Proficiência em Italiano Outros documentos podem ser exigidos, dependendo do visto solicitado. Você pode consultar a lista de consulados da Itália no Brasil clicando aqui. 12 - É possível permanecer no país após o término do intercâmbio na Itália? Você pode permanecer na Itália por 90 dias sem necessidade de visto, como turista. Para permanência superiores a esse prazo, fique atento ao tempo de validade do seu visto de estudos ou trabalho. Caso ultrapasse este período, será considerado irregular. Se você permanecer além dos prazos legais previstos, estará sujeito às sanções das leis, que variam desde multas de 5.000 a 10.000 euros, até deportação para estrangeiros em situação ilegal. 13- É possível fazer um intercâmbio na Itália sem estar estudando no Brasil? Sim, é possível. Existem diversos pacotes disponíveis no mercado que não exigem vínculo estudantil no Brasil, mas eu indico saber falar italiano antes de preparar sua mala. 14 - O que eu preciso pagar à parte em um intercâmbio na Itália? Essa é uma lista bem particular, já que ela depende muito do que você pretende realizar em solo italiano. No entanto, geralmente os pacotes de intercâmbio na Itália compreendem somente o curso escolhido e acomodação durante o período do curso. Todos os custos com transporte, alimentação, viagem, seguro, acesso e ingressos para visitas culturais ficam a cargo do intercambistas. 15 - Onde buscar opções de bolsas de estudos na Itália? Como eu disse no início desse texto, a Itália é um dos poucos países europeus que concedem bolsas de estudos para não-europeus. Um desses programas é o Erasmus Mundus, que permite que estudantes europeus possam ir estudar em outro país da União Europeia ou até mesmo fora da União Europeia, e que estudantes de fora da União Europeia possam estudar na Itália. Esse programa é uma das melhores oportunidades para ter uma experiência de intercâmbio na Itália e ainda obter um diploma reconhecido. Nesse site, você pode conhecer mais sobre o Erasmus Mundus. 16 - Como alugar apartamentos e casas na Itália? Aqui vale lembrar que a melhor opção de aluguel sempre será a relacionada ao seu curso, quando a escola oferecer alguma parceria. Fora isso, pode ser necessário você procurar outras formas de achar apartamentos na Itália estando aqui no Brasil. E nesse cenário, talvez a primeira pergunta que venha a sua cabeça é a necessidade de um fiador para alugar um espaço na Itália. Se for essa sua dúvida, fique tranquilo, não é necessário um fiador. Mas talvez seja preciso um “caparra”, ou seja, um caução que pode ser o valor de um a três meses de aluguel caso seu contrato seja diretamente com o locatário, que geralmente é mais barato. Mas existem outras formas de conseguir alugar seu espaço na Itália além do mundialmente conhecido AirBnb. Abaixo eu separei cinco bons sites para buscar seu apartamento durante seu intercâmbio na Itália. Subito.it; Muito semelhante ao Olx no Brasil, o Subito possui diversas categorias de produtos, inclusive apartamentos e casas com valores mais atrativos. Immobiliare.it Esse já um site exclusivo para negociações de imóveis, desde compra, aluguel e venda. Há ofertas de empresas e pessoas físicas, além de filtros e opção de ofertas por mapa. Kijiji.it Um concorrente direto do Subito, com um layout mais amigável, mas sem tantas opções de produtos. Mas ainda uma excelente opção de pesquisa. Affitto.it Um dos mais tradicionais sites de aluguel de imóveis da Itália, mantido por empresas e corretores. Easystanza.it. Um dos mais utilizados por estudantes de todo o mundo, o EasyStanza ou RoomGo é um bom site para achar apartamentos e residências estudantis com preço atrativo. 17 - Como os italianos tratam os brasileiros? Essa é uma das principais diferenças sentidas pelos brasileiros que fazem um intercâmbio na Itália ou mesmo visitam o país como turistas. Apesar de muito educados, os italianos não são tão calorosos e receptivos como os brasileiros. Na língua por exemplo, se você não entende italiano, não espere a ajuda ou mesmo o esforço de um nativo para tentar compreender o que você diz. Os italianos são muito ligados às suas raízes e tendem a não se esforçar para ajudar alguém que fala outro idioma, mesmo o inglês. No entanto, eles vão te ajudar muito, caso você esteja tentando falar italiano. Portanto, esteja preparado para as diferenças culturais no seu intercâmbio na Itália. Mas não se preocupe, essa é justamente umas das características que tornam essa experiência tão rica. 18 - Onde procurar emprego na Itália? Eu separei abaixo três dos principais sites de vagas de empregos na Itália, mas antes de você sair clicando nos sites e vendo as oportunidades, lembre-se que é necessário um visto que permita atuar profissionalmente no país. Frequentemente eu falo sobre esses processos no meu Instagram, me segue lá. Mas agora, vamos aos sites: Adecco.it O principal site de empregos do país. Permite buscar vagas com palavra-chave para o tipo de trabalho buscado ou usando a localidade onde queremos arrumar o emprego. Além disso, fornece dicas de currículo, entrevista, carta de motivação e outros assuntos muito úteis ao candidato. Clicca Lavoro Um dos melhores sites e mais fáceis de usar da Itália. Conta também uma área com cursos com vagas abertas, e um blog sobre o mercado de trabalho na Itália, com as melhores empresas para trabalhar e vagas. Gi Group Site conhecido internacionalmente, que facilita a busca de emprego em vários países do mundo, e é muito usado na Itália. Mas uma dica extremamente importante é falar italiano antes de se candidatar para qualquer vaga. É essencial que você domine a língua nativa, já que a maioria das entrevistas é realizada exclusivamente em italiano. 19 - Qual a duração de um intercâmbio na Itália? Depende muito da sua escolha. Há opções para diversos prazos, gostos e principalmente, bolsos. Mas em média os cursos de curta duração são de 14 dias. Já os de médio prazo duram entre 30 e 60 dias, e os de graduação ou especialização podem durar até 4 anos. 20 - Qual a melhor época para fazer um intercâmbio na Itália? Os intercâmbio geralmente estão atrelados ao calendário estudantil, mas se forem cursos de curta duração, o mês de junho é o mais indicado, já que as temperaturas estão mais altas e você não sentirá frio para os padrões brasileiros, e ainda assim não está tão quente quanto julho e agosto. Além disso, é um mês mais barato para viajar, pois ainda não é período de férias, nem o mês mais procurado da primavera que é maio. De forma geral, a melhor época para visitar as principais cidades italianas vai de março a junho e de setembro a outubro. Mas se você gosta de frio e neve assim como eu, indico que vá a Itália entre novembro e fevereiro. 21 - Preciso tomar alguma vacina antes de fazer meu intercâmbio na Itália? Essa é uma pergunta frequente de quem pretende fazer um intercâmbio na Itália, já que para viajar para países da América Latina é obrigatório tomar a vacina contra febre amarela e pegar o certificado internacional de vacinação. Felizmente não há alertas epidemiológicos para o país da bota, portanto não há obrigatoriedade de qualquer vacina para entrar na Itália. Mas é altamente indicado que você mantenha suas vacinas em dia, principalmente a da gripe, já que você provavelmente transitará em lugares com alta aglomeração de pessoas durante seu intercâmbio na Itália. A dica aqui é sempre consultar o portal do Itamaraty para buscar todas as informações úteis, como vacinas e endereços de embaixadas no país. Informação bônus Estamos chegando ao fim desse super artigo de perguntas e respostas sobre intercâmbio na Itália e espero de coração que essas informações sejam úteis para você. Como dica bônus, quero compartilhar uma lição que aprendi a duras penas, quando morei na Itália. Agora que você sabe da importância de falar italiano antes de ir para Itália, quero te fazer um convite. Participe das minhas redes sociais para aprender italiano com as dicas diárias que posto, e assista as aulas gratuitas toda terça-feira no YouTube. Falar italiano fluentemente é possível, e pode ser mais fácil e divertido que você imagina. Até o próximo artigo.

  • “Eu não confio em curso online”

    Escutei essa frase de uma amiga que estava em dúvida em fazer ou não sua inscrição em um curso que ela ganhou. Resolvi perguntar quais os motivos dessa desconfiança e ambos nos surpreendemos com o resultado... Antes de tudo, quero esclarecer uma coisa com você, amigo leitor. Esse não é um texto como os demais desse blog. Não tem relação com a cultura, viagens ou língua italiana, embora a pessoa que inspirou esse relato seja neta de sicilianos. Mas tirando isso, nenhuma relação. O texto de hoje é um relato, um compartilhamento de uma conversa que tive recentemente com uma grande amiga, sobre sua dúvida de se inscrever ou não em um curso que ela ganhou. Permita-me explicar melhor essa situação. Tudo começou assim... Encontrei Marcela (nome fictício, obviamente), em uma cafeteria no centro de Florianópolis, em uma terça-feira ensolarada. Dois dias antes ela tinha me enviado uma mensagem no Instagram, dizendo que tinha ganho uma bolsa de um curso de finanças - a área que ela trabalha - de uma renomada faculdade, e queria me contar os detalhes, além de pedir um conselho. Como já viria à cidade para gravar uma das minhas aulas, marcamos um café. Quando ela chegou, estava eufórica. Me contou sobre o quanto o método do curso era bom com tanto entusiasmo que até eu fiquei com vontade de estudar também. A experiência e didática dos professores agregaram ainda mais valor ao conteúdo, que já era diferenciado dos demais disponíveis no mercado. E quando abriram as inscrições para uma turma especial, ela não perdeu tempo e fez a solicitação de bolsa no mesmo dia, já que o número de vagas era bem limitado e muito concorrido. No entanto, eu senti que ela diminuiu a empolgação quando descobriu que essa turma especial, seria de ensino via internet. Perguntei qual era o problema, já que finalmente ela tinha conseguido se inscrever no curso. - É que eu não confio em curso online, não sei, acho que não vou me adaptar. - Essa foi a resposta que eu tive. Começamos a conversar sobre as causas dessa desconfiança, e percebemos juntos uma coisa surpreendente. E é justamente isso, meus amigos e amigas, que quero compartilhar com vocês. As justificativas para não fazer um curso online A primeira causa apontada foi “acho que não é para meu perfil.” "-É que eu não confio em curso online, não sei, acho que não vou me adaptar.-" Olhei para Marcela, a mesma pessoa que dois dias antes tinha usado seu smartphone para marcar nosso encontro via rede social, que chegou naquela cafeteria de Uber e que me contou que viu e fez todo o processo de inscrição via internet, e que agora me dizia que tinha medo de não se adaptar em um ambiente virtual de ensino. Ela não percebeu que o ambiente das aulas era muito mais simples do que os que ela já utilizava diariamente. Mas acredite, isso não é exclusividade dela. É extremamente comum enxergarmos uma proposta diferente do que estamos acostumados como uma coisa totalmente nova, difícil ou ruim, quando nem sempre é. A verdade é que todo mundo já usa a internet, inclusive você que está lendo esse texto. Portanto, acredite, fazer cursos online é também para seu perfil. Na verdade, eu não preciso desse curso Logo depois que Marcela e eu percebemos que o uso da internet não era problema, ficou a dúvida da real necessidade do conteúdo. Pois bem, logicamente que chegamos à conclusão que existiam milhares de conteúdo similares disponíveis gratuitamente na internet (sim, a mesma internet que antes era um problema), e por isso ela não tinha certeza se valia pagar pela inscrição. Mas concluímos que é justamente o excesso de informação disponível, e a falta de um filtro de qualidade que torna o estudo por conta própria na internet tão ineficaz. É praticamente impossível para quem está estudando saber qual conteúdo é bom ou não, se essa forma de aprender será mais rápida ou mais demorada, sem falar sobre quando surgirem dúvidas (porque elas sempre surgem), dá ainda mais trabalho procurar as respostas para algo que você nem sabe direito como perguntar. É desmotivador. Reconhecemos que ela precisava do curso, e usar a internet não era um problema. O problema é que eu não tenho disciplina para estudar em casa Já tínhamos tomado mais da metade do café quando começamos a falar de disciplina. - Por que tu veio até essa cafeteria hoje? - perguntei. - Ora, porque eu marquei esse compromisso contigo.- falou na hora, dado a obviedade da resposta. - E o que te faz pensar que você não irá em um compromisso com você mesmo, sendo que nem precisa sair de casa para isso? - Depois de segundos de silêncio seguido de risadas, constatamos algo muito curioso. É impressionante como subestimamos nosso próprio senso de responsabilidade. Quando temos um compromisso com alguém, pensamos no horário do encontro já considerando o que temos naquele dia, o tempo que usamos para tomar um banho, trocar de roupa, se deslocar até o local e ainda de estacionar, se for o caso. E pasmem: CONSEGUIMOS ADMINISTRAR TUDO ISSO. Então por que não conseguimos fazer o mesmo quando o compromisso é com a gente mesmo, sem a necessidade de sair de casa? Se engana quem acha que a resposta é falta de disciplina. O que falta é planejamento. O que você faz quando tem um compromisso com alguém? PLANEJA seu tempo, ORGANIZA o que tem que fazer para que tudo aconteça conforme PLANEJADO. Mas quando é com a gente mesmo, achamos que já está tudo certo, tudo pronto, só chegar e fazer, sem precisar preparar nada. Bom, não está. Por isso seu cérebro não entende aquilo como compromisso, você não avisou para ele que era. Vou explicar: Para você cumprir um compromisso, você precisa fazer seu cérebro perceber que existe um compromisso. Minhas dicas para treinar seu cérebro são: Defina um horário para ação; Esse é o primeiro passo. O erro mais comum de quem acha que não tem disciplina é, na verdade, não definir um horário para fazer a atividade. Nosso cérebro aprende com rotina, então quando você define uma data para um evento, automaticamente você agrega o status de compromisso à atividade. Quando não há um horário/dia definido, o evento não é prioridade, por isso seu cérebro não considera importante. Organize sua agenda para ter esse horário livre; Assim como quando marcamos com alguém, temos que considerar a conclusão de outras atividades para antes ou depois do nosso compromisso pessoal. Isso fará com que aquele horário que você definiu na etapa um, ganhe ainda mais importância para você e sua mente. Além do horário, defina também um local próprio para atividade; Outro erro frequente que cometemos é achar que nossas atividades pessoais podem ser realizadas em qualquer cômodo. No entanto, é extremamente indicado definirmos um local fixo para estudar. Melhor ainda se for um lugar diferente do que você costuma estar momentos antes. Por exemplo, a Marcela me contou que definiu como dia e horário de estudos toda quarta-feira às 20 horas. Só que até as 19:30, ela fica no quarto lendo. Sugeri que as 20 horas ela fosse para a sala começar a estudar, porque assim a mente dela associa que a mudança de ambiente implica na mudança de atividade. Legal né? O mesmo ocorre com todos. Definir um local diferente dos demais faz com que nossa mente se acostume com a rotina e o compromisso, associando o ambiente com a atividade do momento. Prepare o ambiente e você mesmo; Tão importante quanto escolher um local é deixá-lo preparado para a atividade. Não adianta nada escolhermos um ambiente como a varanda, por exemplo, se lá não tiver uma conexão boa com a internet, tiver muitas distrações ou for desconfortável permanecer pelo tempo dedicado a atividade. Por isso, ao escolher o local, considere tudo que você precisará para executar a atividade, e certifique-se que você não precisará interromper sua concentração, afinal ela é muito importante. Marque na sua agenda; A dica final foi uma curiosidade levantada pela Marcela, por isso preciso admitir que a dica é dela. Quando marcamos um compromisso com alguém e nossa agenda é apertada, costumamos marcar em algum lugar para não esquecer, seja no celular, caderno ou até mesmo um papel na geladeira. Mas quando é conosco, não marcamos em lugar nenhum. Por isso, quando definir uma tarefa, marque esse compromisso com você e salve em algum lugar. Com a vida corrida que vivemos, não é difícil esquecer o que combinamos, mesmo que seja com a gente mesmo. “Mesmo assim, acho que é melhor se eu tiver que sair de casa” A frase acima veio logo depois de terminar o último gole de café disponível na xícara de Marcela. Ela completou dizendo que a disciplina não era mais um problema, mas como tinha muitas tarefas acumuladas para fazer em casa, preferia sair. - Mas vale a pena? - perguntei. - Na verdade, a inscrição é um pouco mais cara, mas nada muito absurdo...- ela respondeu, sem muita convicção. Será? Descobrimos meia xícara de café depois (pedimos mais café, a conversa era boa ), que a diferença era muito maior. Não tínhamos considerado o valor de transporte (Uber, Marcela não tem carro) e alimentação fora de casa, que é bem cara. Além disso, não tínhamos considerado o tempo investido desde sair de casa, enfrentar o trânsito, levar as coisas para a aula, chamar outro Uber, enfrentar o trânsito de novo e chegar em casa. Todo esse trajeto, consumia pelo menos mais duas horas do dia. Sem contar o stress. Nem a chuva. Ou o frio. Após a conclusão óbvia que sair de casa não era a melhor opção, chegamos a descoberta que mencionei lá no início desse texto, cari amici. NÓS SOMOS MAIORES QUE QUALQUER OBSTÁCULO Foi assim que nossa conversa encerrou. “Pra falar a verdade, nós somos maiores que qualquer obstáculo”, foi a frase que escutei de Marcela. Eu percebi, (com a ajuda dela), que a maioria das objeções que temos com algo que nunca fizemos somos nós mesmos que criamos. E por isso, cabe somente a nós anulá-las. Certamente que existem momentos de impasse que precisamos de ajuda, mas o que impede que essa ajuda venha através da internet, como no curso da Marcela? Aprendemos que quando estivermos achando desculpas, para não fazer determinada atividade que queremos muito, seja por receio de não conseguirmos, ou simplesmente por achar que não iremos nos adaptar, talvez seja nosso cérebro avisando que ainda não entendeu aquilo como prioridade. O fato é que, como bem disse Marcela, nós somos maiores que qualquer obstáculo. Se você concorda conosco, deixe seu recado aqui nos comentários. É muito gratificante saber que as histórias que compartilho fazem sentido para sua vida. Até o próximo artigo.

  • Veneza debaixo d'água e suas consequências

    Ontem acordamos com a notícia da segunda maior “l’acqua alta” da história de Veneza O nível das marés de Veneza é registrado desde 1923 e o pior caso já registrado aconteceu em 4 de novembro de 1966, com o marco de 1,94m de água. Dia 12 de novembro às 22:50h o pico máximo foi registrado em 1,87m, marcando a segunda maior “l’acqua alta” da história veneziana desde o início dos registros. Um dos pontos baixos da cidade encontra-se na praça San Marco, onde está localizada a Basílica de São Marco. Setenta centímetros de água foram registrados no “nártex” – zona de entrada do templo - e podem provocar danos às colunas do edifício e às placas de mármore. Isto aconteceu apenas cinco vezes desde sua construção em 828. Um fator que preocupa as autoridades é que as últimas cinco maiores inundações de Veneza ocorreram nos últimos 20 anos, a anterior em 2018, ou seja, estão ficando mais frequentes a cada ano. E porque isso acontece? Bom, caros amigos, Veneza foi construída quase ao nível do mar, e nos últimos cem anos ela afundou 23 centímetros. Além disso existe ainda a elevação do nível das águas devido ao polêmico aquecimento global. Tudo isso, somado as marés, ao vento, as chuvas e a construção do Polo Petroquímico de Porto Marghera com as escavações profundas de canais de navegação têm aumentado de forma preocupante as inundações nas cidades que estão dentro da grande laguna de Veneza. O prefeito Luigi Brugnaro declarou ontem à noite (13) estado de catástrofe natural devido aos danos, que serão significativos para cidade. Ainda acrescentou “Necessitamos que todos nos ajudem a lidar com o que é claramente o impacto da mudança climática”. Além de todos os prejuízos financeiros que, de acordo com a prefeitura, podem chegar a centenas de milhões de euros e da possível perca de patrimônio histórico, duas pessoas morreram até agora, dentre elas um senhor de 78 anos que foi eletrocutado em sua casa na ilha Pellestrina após a água invadir a sua casa, e além disso muitos barcos ainda encontram-se à deriva. Afinal, os alagamentos constantes em Veneza são normais? A maré sobe em média cem vezes por ano, especialmente na primavera e inverno quando o Mar Adriático sobe de nível. Esse fenômeno, conhecido como “Acqua alta”, é considerado quando a maré sobe 90mm além do seu normal. O que pode parecer um fascínio para alguns visitantes, torna-se um inconveniente para os moradores, que tem o ritmo das suas vidas ditado pela maré. Quando isso ocorre, as autoridades posicionam passarelas elevadas nas principais zonas alagadas da cidade para que os cidadãos possam se locomover com mais segurança. As portas dos estabelecimentos são seladas com barreiras, é preciso utilizar botas e macacões específicos para andar pela cidade e os barcos não conseguem circular já que o nível das águas os impossibilita de passar debaixo das pontes. Para proteger a cidade deste tipo de evento e suas consequências, o projeto MOSE (Moisés em italiano e sigla para Módulo Experimental Eletromecânico) está em construção desde 2003. O projeto consiste em 78 diques flutuantes que tem como objetivo serem fechados em caso de maré alta, protegendo a lagoa da inundação. A primeira data prevista para entrega do projeto era 2011, mas após custos excessivos e diversos escândalos de corrupção a entrega do projeto foi adiada. O terceiro prazo para entrega do MOSE é 31 de dezembro de 2021. Com um custo inicial previsto de 2 bilhões de euros, em 2018 já haviam sidos gastos 5,495 bilhões e as previsões para entrega do projeto chegam a 7 bilhões de euro. Mas existe algo talvez ainda pior do que os atrasos na construção, que é a possibilidade de que quando o projeto estiver finalizado não funcione, pois sedimentos trazidos pelas correntes marítimas se acumulam nas estruturas e com o tempo a salinidade do mar corrói o metal que fica submerso. Além dessa péssima notícia, o custo de manutenção também será altíssimo, estimado em 100 milhões de euros por ano. Pois mensalmente será necessário a retirada de estruturas, sua limpeza e recolocação, para garantir seu funcionamento. O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, anunciou nesta quinta-feira (14) as primeiras medidas econômicas para ajudar a cidade de Veneza. “No que diz respeito à recuperação de danos os indivíduos e operadores comerciais serão compensados até um limite de 5 mil euros para particulares e 20 mil para comerciantes", explicou o premier italiano. Centenas de edifícios e monumentos estão danificados devido ao aumento do nível do mar e a situação tem piorado pela escavação dos canais para navegação, fazendo com que a água entre nos canais e aumente sua salinidade. O sal, neste caso é extremamente prejudicial aos tijolos e suportes utilizados para estabilizar os edifícios, danificando sua integridade. Veneza está na lista de Patrimônio da Humanidade da Unesco e em junho deste ano a organização Itália Nostra entrou com pedido para que a mesma seja colocada na lista de Patrimônios da Humanidade em risco. O turismo excessivo, o êxodo dos moradores antigos e a degradação ambiental são grandes ameaças para a sobrevivência desta cidade com grande patrimônio histórico. Será que Veneza irá desaparecer aos poucos, afundando diante de nossos olhos?

  • Como é viajar para Itália falando italiano

    Falar italiano fará sua viagem ser uma experiência única! Gostaria de conhecer uma metáfora ou uma porcentagem exata para que dissesse o quão diferente vai ser viajar para Itália falando italiano. Mas, na verdade, o que posso te mostrar é minha percepção de como foi viajar falando italiano com uma companheira de viagem que não sabia o idioma. Mas primeiro teremos que voltar um pouco para você me conhecer melhor. Me chamo Tathyana Agnellino e faço parte da equipe Silvano Formentin. Quando fiz 15 anos minha mãe queria que eu fizesse um curso de inglês, “todo mundo precisa falar inglês” ela dizia. Mas, além de não ter prazer em aprender o idioma, eu ficava em recuperação todo trimestre no colégio. Me neguei prontamente em fazer o curso, assim ela me deu como opção escolher outro idioma. A escolha do italiano veio naturalmente, dada pela descendência, pela sonoridade, por toda história e pelo desejo de conhecer a Itália. Em 2007 estava inscrita em um curso tradicional de italiano e aprendendo as várias regras de gramática que o curso me passava, e parecia que eu nunca gravava. Mas durante o curso sempre me destaquei pela pronúncia e leitura, muito praticadas nas horas vagas, mas tinha uma certa trava na hora de formar frases e me comunicar naturalmente. Quando estava no último ano do colégio e também do curso com seus grossos livros, uma italiana foi recebida como intercambista em meu colégio e acredito que isso fez uma grande diferença em todo aprendizado que tive. Era uma troca contínua de aprendizado, cada uma aprendendo e ensinando ativamente. Mas muitas das minhas dúvidas de gramática, ela não sabia muito bem como responder, ela sabia falar na prática, não a teoria gramatical. Absorvi todo conhecimento que consegui, anotando as dicas, repetindo tudo que ela falava e aprendendo gradualmente todas as normas culturais que ela tinha, assim como as críticas do que era feito da culinária italiana no Brasil. Segundo ela nossa pizza não tinha nada a ver com a italiana e ela sempre me perguntava como os brasileiros fazem as refeições no mesmo prato, sem a separação tradicional italiana. Depois da experiência de ter praticamente uma professora italiana particular e me formar em italiano, em 2011 fui convidada por uma amiga da minha mãe, Míriam, para ser sua companheira e principalmente guia/tradutora em uma viagem para Itália. Muito diferente do ambiente protegido da sala de aula, na Itália eu precisava me comunicar por mim e pela minha companheira. Eu senti uma certa responsabilidade de ter todas as informações que pudessem nos ajudar em nossa jornada e para isso tinha que me comunicar em italiano. Entre os itens que levei para viagem estava um pequeno guia de italiano que montei com lições que achava necessárias, mas nunca o abri. Não posso dizer que me sentia totalmente segura, houve alguns erros de comunicação ou em alguns momentos eu falava português sem perceber e os italianos apenas ficavam me olhando, me dando a chance de falar de forma que eles entendessem. Mas acredito que isso seja algo normal, sempre queremos ser perfeitos e sem perceber limitamos nossas vivências pelo medo de errar. Conhecemos Milão, Verona, Veneza, Florença e Roma, indo de trem de uma cidade para outra em uma viagem de 15 dias. Não tenho dúvida que a experiência de viagem dela também foi maravilhosa, mas nossas lembranças são diferentes em alguns pontos. Ela sempre se mostrou muito decidida a se comunicar e tentar tomar decisões sozinha, mas em Florença escolheu penne all’arrabbiata confiando na foto do cardápio e isso se mostrou uma péssima escolha, já que o mesmo é um prato bem apimentado, não agradando seu paladar. Certos momentos ela tinha sua pergunta na ponta da língua e quando o garçom respondia sua dúvida, ela escutava atentamente buscando palavras que conhecia. Após a explicação ela me olhava e eu traduzia para ver se ela entendeu corretamente. Visitamos os mesmos locais juntas, mas minhas lembranças tem um toque italiano de certo modo mais profundo do que as dela. Com certeza a responsabilidade de ficar como guia me trouxe uma certa tensão, mas depois que deixei o medo de errar e a vergonha de lado, tudo foi fluindo. Tenho certeza que as lembranças que a Míriam tem da viagem também são maravilhosas. Ela conheceu os mesmos locais que eu e teve experiências similares, mas acredito que o fato de não falar o idioma lhe trouxe uma certa limitação e dependência da minha presença. Seus passeios sozinha eram curtos, seu café da manhã era silencioso quando eu não estava, quando voltávamos para o hotel ela olhava algumas palavras no dicionário ou no guia de viagens para entender algo específico e quando alguém fazia alguma pergunta, ela me olhava, pedindo uma ajuda silenciosa. Eu entendia o que estava escrito no cardápio dos restaurantes, assim pedindo só o que me agradaria, escutava conversas alheias pela rua, pedia informações e conseguia chegar onde desejava, lia mapas e placas informativas em monumentos, conversava com nossos atendentes e passava as informações para Míriam. Acredito que este sentimento de estar integrado a algum lugar ou cultura é algo que não tem preço. Uma das lembranças que sempre levarei comigo foi quando estávamos em um hotel em Roma; fui pedir a senha do wi-fi na recepção e conversei com o senhor que acredito ser o dono. Ficamos pelo menos dez minutos conversando e eu simplesmente falava em italiano, sem ficar traduzindo para o português e fazendo pausas. Quando ele perguntou de onde eu era e quando respondi ser brasileira, ele achou que eu estava morando na Itália há algum tempo, elogiando meu italiano e ficando impressionado aprendermos italiano no Brasil. Os italianos possuem um grande apego a sua cultura, assim costumam ser mais fechados para se comunicar em outro idioma. Além das diferenças básicas de comunicação, ainda existem algumas diferenças culturais que saber o idioma ajuda muito a serem transpostas. Conhecemos vários restaurantes, mas me lembro de apenas um, em Roma, que tinha opção de cardápio em inglês, o que para mim também não ajudaria em nada. Enfim, os restaurantes tradicionais italianos não possuem cardápios em outros idiomas, assim como mapas e os próprios italianos costumam não falar outro idioma, fechando-se na hora de passar informações para estrangeiros. Lembro quando fui atendida em uma loja em Roma e sem perceber falei português, o atendente ficou parado como se eu não tivesse falado nada. Me dei conta do deslize e falei novamente em italiano, ele mudou completamente e foi muito prestativo ao me atender. Não são todos os italianos que são assim, muitos foram gentis e prestativos para ajudar. No Brasil estamos acostumados a ter essa preocupação para o turista entender e possa ser bem atendido em sua visita ao nosso país, mas neste ponto há uma diferença cultural entre Brasil e Itália que é bom estarmos cientes antes de partir para o país da bota. Falar o idioma fez com que eu tivesse uma experiência muito diferente na Itália. Não posso dizer que me senti totalmente integrada à cultura italiana e todas suas diferenças culturais, ainda tinha muito para aprender e me desenvolver. Nove anos após conhecer a Itália, conheci uma forma diferente de aprender o idioma com o Silvano, de forma mais ativa e diária. Nestes meses percebo o idioma ainda mais presente em meus pensamentos e cada vez mais me sinto preparada para a próxima viagem. Ainda não tenho uma porcentagem de quão melhor pode ser conhecer a Itália falando italiano, mas se me permite uma metáfora, imagine-se com uma bolha ao seu redor. Você pode ver tudo que acontece, mas a bolha limita sua comunicação. Cada palavra ou expressão que você aprende em italiano faz um pequeno furo na bolha e cada vez mais ela vai desaparecendo e você vai ficando livre, se integrando ao ambiente. Até chegar o momento que sua bolha vai se dissipar completamente e você poderá andar livremente como se fosse um verdadeiro italiano. Arrivederci!

  • A lição que minha “nonna” deixou

    No dia em que minha saudosa nonna completaria 105 anos e um mês, resolvi compartilhar uma das coisas mais importantes que ela me ensinou, escrevendo essa singela, mas justa homenagem. 30 de setembro de 1914. Essa foi a data que Dona Antônia Formentin, ou simplesmente, a nonna, veio ao mundo no interior de Santa Catarina. Filha de imigrantes italianos da região do Vêneto, ela tinha o português como uma segunda língua, mas muito amor pela terra que nasceu, assim como seus irmãos e toda família Formentin Viveu uma infância muito simples, com muito trabalho e amor pela família. Não havia luz elétrica e o dinheiro era escasso. Só foi andar de ônibus após casada, aos 30 anos. Antes disso, percorria todos os caminhos a pé e descalça, pois os sapatos só eram calçados na porta da igreja, para não estragarem. Nada que tenha feito minha nonna reclamar da vida que teve. Bem pelo contrário, ela era grata por tudo. Mas não é sobre gratidão que quero falar, embora também tenha me ensinado isso. Tampouco é sobre longevidade, mesmo que ela tenha vivido por mais de 101 anos e virado matéria de jornal sobre o tema. O ensinamento mais importante da minha nonna, aquele que sempre guardei com carinho e que agora compartilho com você, amigo leitor, é sobre o uso do cérebro, uma lógica que ela me ensinou e até hoje faz sentido. A lição da nonna Antonia Sempre que visitava minha nonna, eu a encontrava sentada em um banco de madeira, em frente a sua casa, lendo. Sua saúde era invejável, mesmo com mais de um século de vida. Mas era sua lucidez que mais chamava a atenção. Não tinha problemas de memória, tampouco sofria com qualquer dificuldade cerebral. Era totalmente consciente e atenta a tudo a seu redor. Confesso que eu demorei para entender com clareza o que minha nonna me ensinava, mas hoje percebo o valor dessa lição, que era justamente o hábito da leitura. Acredito realmente que era isso que ajudava minha nonna a manter sua saúde cerebral. E agora que você também já sabe sobre a importância da leitura para manter a mente saudável, me vejo na obrigação de compartilhar mais alguns fatos que sustentam a sábia lição da minha nonna, para que ela faça tanto sentido para você, quanto ainda faz para mim. Não importa a idade, nosso cérebro continua fantástico: Se você já viu algum vídeo meu, certamente já me ouviu falar sobre o poder impressionante do nosso cérebro. E não estou falando dos grandes gênios da humanidade. O poder cerebral que me refiro é o da sua mente, da minha mente, de todas as pessoas, em qualquer idade. Nosso cérebro tem a mesma velocidade de processamento de mais de 500 computadores juntos. A memória estimada de um cérebro é de 2,5 petabytes, o que daria para gravar um vídeo por 300 anos. O cérebro possui cerca de 86 bilhões de neurônios. Se considerarmos que cada um deles faz pelo menos mil conexões, superaríamos o fantástico número de 86 trilhões de conexões. Esse é o potencial do seu cérebro, mas você precisa estimulá-lo. Aprender outra língua é um exercício excelente para o cérebro Um dos melhores exercícios para estimular seu cérebro é aprender um novo idioma, uma vez que isso exercita nossa agilidade mental e protege contra doenças degenerativas como Mal de Alzheimer. Há ainda estudos que indicam que aprender uma nova língua amplia as conexões entre neurônios, elevando a capacidade de processar informações por vários canais diferentes. Isso melhora, entre outras coisas, a eficiência no raciocínio da matemática, devido à estrutura lógica semelhante de ensino. Além disso, aprender outro idioma facilita tomar decisões. Isso porque raciocinar em outra língua reduz as instabilidades cognitivas, fazendo a pessoa aprimorar seu processo de decisão. Segundo o estudo publicado na Psychological Science da Universidade de Chicago, deixamos de considerar fatores negativos quando pensamos em um novo idioma, tornando as decisões mais sistemáticas e seguras. Evite os sabotadores do seu cérebro: Existem certos fatores que dificultam o nosso desenvolvimento cerebral, como sedentarismo, alimentação industrializada, ansiedade e stress. E frequentemente todos esses fatores estão interligados, inclusive, não é raro que sigam essa ordem, formando um ciclo vicioso muito prejudicial. E vou te dizer o porquê: A falta de exercício físico geralmente é um reflexo de uma rotina agitada, onde o tempo disponível é escasso. Com a falta de tempo, não há tempo para preparar uma alimentação saudável, o que leva ao consumo de alimentos prontos, em sua maioria, industrializados. Esses dois fatores combinados, causam uma insuficiência de vitaminas e nutrientes do corpo, o que faz com que sua mente fique agitada e insegura, causando a ansiedade. Todos esses elementos deixam a pessoa em constante situação de stress, e em alguns casos, a faz pensar que o melhor a ser feito é desviar sua atenção dos problemas, focando em coisas como o trabalho, deixando sua rotina muito agitada, e aí o ciclo se reinicia. Todo esse ciclo causa o que as pessoas mais antigas, inclusive minha nonna, conheciam como estafa mental. O que fazer para sair desse ciclo? Exercícios físicos. Mas sei que não é fácil começar a se exercitar, até porque o exercício físico é, na verdade, contra a natureza humana. Como assim Silvano? Calma, há uma explicação médica para isso. Veja só o que diz o Dr Dráuzio Varella: Agora prepare-se para o que você irá ler. Não há uma vontade milagrosa que fará você sentir vontade de fazer exercícios. É algo que você tem que acostumar seu corpo, fazer pela sua saúde. E com seu cérebro não é diferente. O exercício físico ajuda seu cérebro de uma forma espetacular. A produção da BDNF, uma proteína que estimula o surgimento de novos neurônios e conexões. Olha só esse vídeo: Viu só? Então se você quer qualidade de vida, se você quiser se sentir bem independente da sua idade, cuide de você. Pratique exercícios, alimente-se bem e estimule seu cérebro com o hábito da leitura, a exemplo da minha querida nonna Antônia. Seu cérebro é fantástico demais para deixar a idade limitá-lo. Os médicos que recomendam estudar italiano: A principal lição de minha nonna foi estimular o cérebro, um dos pilares do meu método de ensino. Mas, além disso, ela me influenciou em outros aspectos, entre eles, meu amor à língua italiana e pela Itália, país que visitei e onde desenvolvi meu método. Então, você pode imaginar a minha felicidade quando eu descobri que médicos estavam indicando o aprendizado do italiano para manter o cérebro estimulado, uma vez que é uma língua latina, que tem mesma origem do português, do francês e do espanhol, tornando o aprendizado mais fácil se comparado a outros idiomas, como o alemão, por exemplo. Além disso, o italiano possui diversos sons que já existem na nossa língua. Se você tem origens italianas, assim como eu, já sabe como a língua italiana é familiar aos ouvidos. Outro dia postei sobre o fato de os médicos estarem indicando o aprendizado de línguas no meu instagram, olha só: Inclusive, faço aqui o convite para você me seguir nas redes sociais. Faço postagens sobre minha história, dicas de italiano e aulas gratuitas sobre essa língua e cultura magnífica. Acredite em você mesmo Sempre que vejo alguém me dizendo que acha que tem medo de não conseguir fazer alguma atividade pelo fato de já ter passado dos 60, 70, 80 anos, eu lembro com carinho da minha nonna. Lembro do seu sorriso, de suas brincadeiras, conversas, mas principalmente, dela lendo. Ler fez com ela se mantivesse jovem aos 101 anos. Mas ela só conseguiu fazer isso porque acreditava que era possível. E quero compartilhar mais essa verdade com você: "O fato de não acreditarmos em nós mesmos, faz com que deixemos de fazer coisas incríveis " Por isso, peço que acredite mais em você mesmo, e não deixe a idade te limitar. Me ajude a estimular pessoas a alcançarem seus sonhos e prestar essa justa homenagem a mia nonna. Como presente, vou deixar abaixo o link para download gratuito do meu livro, para estimular sua mente desde já. Se você gostou desse texto, deixe seu comentário. É ótimo saber se o que compartilho faz sentido para você. Até o próximo artigo.

  • La vita è bella — 19 curiosidades para celebrar duas décadas desta linda obra

    22 anos depois de seu lançamento, esse belíssimo filme italiano continua nos emocionando e ensinando sobre gratidão e vida. Buongiorno principessa! Quem não lembra da famosa frase repetida por Guido Orefice, o amável judeu-italiano que se apaixona pela professora Dora em A Vida é Bela (La vita è bella no original em italiano), filme de Roberto Benigni, que além de dirigir essa belíssima obra deu vida ao personagem principal. Se você tem mais de 20 anos ou é um apaixonado por bons filmes, certamente já viu esse longa metragem que marcou toda um geração e foi responsável por um misto de risos, aflição, indignação e principalmente, lágrimas (muitas lágrimas) em seus espectadores. Um pouquinho do filme... O filme lançado em dezembro de 1997 na Itália e em 1999 no Brasil, conta a história de Guido Orefice, um simpático judeu-italiano que se muda para a cidade de Arezzo, região da Toscana no centro da Itália, para trabalhar no hotel onde seu tio Eliseo comanda um restaurante. Logo no início do filme somos apresentados a Guido e seu amigo Ferruccio (Sergio Bustric), cantando enquanto viajam. Ferrucio percebe que seu carro está com sem freios, fazendo com que Guido fique em pé ao seu lado gesticulando para que as pessoas saiam da frente do veículo. Os dois amigos no carro desgovernado passam por um aglomerado de pessoas que aguardam por um desfile de uma personalidade política, e os gestos de Guido fazem com que a população se confunda e o saúde como atração. Essa é apenas a primeira abordagem crítico-humorística ao cenário político italiano da época, situação que permeia todo o longa. Vale lembrar que a história se passa em 1939, ano em que a Itália era governada pelo Partido Nacional Fascista, liderado pelo então primeiro-ministro Benito Mussolini. Esse ano também ficou marcado pelo início da segunda guerra mundial, que durou seis anos e até hoje é conhecida como uma dos fatos mais dolorosos e tristes da humanidade. Mesmo com esse peso histórico e um tema tão delicado, o filme consegue manter um tom alegre, engraçado e divertido, o que nos faz esquecer - mesmo que momentaneamente- que estamos assistindo um drama de uma história baseada em fatos reais. É justamente a habilidade de Benigni de nos conseguir fazer dar um sorriso a partir de uma situação tão desagradável e assustadora que torna esse filme uma obra-prima. Mas voltando a história do filme, o carro desgovernado dos dois amigos finalmente para e o divertido Guido visivelmente mais atrapalha do que ajuda no conserto. Ao sair para lavar as mãos sujas de graxa, Guido encontra uma menina e se apresenta como príncipe do local, prometendo diversas mudanças e dizendo que precisa encontrar sua princesa. Ao passar em frente a uma construção, ele percebe que Dora (Nicoletta Braschi) está caindo do segundo andar e se antecipa a queda para ajudá-la. Ela acaba caindo em seus braços em cima de um monte de feno. E é aí, caro leitor, que ouvimos pela primeira vez o buongiorno principessa, bordão que acompanha o personagem ao longo de todo o filme e também abre esse texto. Nesse momento você já deve estar morrendo de saudades do filme, assim como eu. Por isso separei 19 curiosidades sobre o filme para comemorar 20 anos do lançamento dessa obra-prima no Brasil. Clique no botão abaixo para continuar lendo o texto e saber um pouco mais dessa obra italiana de Roberto Benigni. Antes de começar, dê o play nessa música Tenho um convite para você. Se possível, peço que você coloque fones de ouvido ou aumente o som do seu computador e clique no botão abaixo. Trata-se da trilha sonora do filme, um deleite para quem sabe apreciar a obra-prima que é La vita è bella. Tudo pronto? Agora deixe o som rolar e surpreenda-se (ou não) com as curiosidades. 1. Dora e Guido Orefice são casados na vida real Isso porque Nicoletta Braschi, atriz que deu vida a Dora é esposa de Roberto Benigni, diretor e ator de Guido. 2. Parlando italiano O óscar de melhor ator recebido por Roberto Benigni ficou marcado como uma das poucas vezes que uma performance em italiano foi premiada. 3. Inspiração em Trotsky O diretor afirmou que o título do filme foi baseado em uma citação do intelectual ucraniano Leon Trotsky. Aguardando a morte no exílio, Trotsky escreveu que apesar de tudo, the life is beautiful, ou "la vita è bella", em italiano. 4. Inteligência em piadas sutis Em uma das cenas mais icônicas do filme, Guido e seu amigo Ferrucio estão conversando na cama quando Ferrucio dorme repentinamente. Guido questiona como ele consegue e recebe como resposta as técnicas do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que diz que “com vontade você pode fazer tudo”. Primeiramente, Guido passa a usar o conceito dessa frase de maneira cômica, ao tentar fazer com que Dora olhe para ele em um ópera. No entanto, ao longo do tempo, percebemos que Guido tomará esse ensinamento como seu modo de vida. Ironicamente, Arthur Schopenhauer também era o escritor favorito de Adolf Hitler, líder do Partido Nazista na Alemanha, e que dizimou, dentre outras vítimas, milhares de judeus. 5. O italiano que inspirou o filme foi um herói reconhecido em seu país Rubino Romeo Salmonì, nascido em 1920 na cidade de Roma, foi um dos últimos judeus romanos sobreviventes da perseguição nazista. Salmonì foi detido por ser judeu em abril de 1944 pela polícia fascista em Roma e levado ao campo de concentração de Fossoli, no norte da Itália. Logo depois foi enviado ao campo de Auschwitz, localizado no sul da Polônia, onde começou sua “longa viagem em direção à morte”, mas que felizmente conseguiu sobreviver. Identificado no campo de concentração nazista com o código A15810, Salmoni contribuiu muito para que os horrores do Holocausto aos quais foram submetidos os judeus por parte do regime nazista-fascista viessem à tona na Itália. Sua história ficou conhecida quando ele publicou o livro Alla fine ho sconfitto Hitler ou, No fim eu venci Hitler, em uma tradução livre. Seu livro inspirou muitas obras e vidas, inclusive La vita è bella de Roberto Benigni. Rubino Romeo Salmonì morreu em 10 de julho de 2011 em Roma, na Itália, aos 91 anos. 6. A maior bilheteria do cinema italiano por 14 anos La Vita è Bella foi um dos filmes mais bem sucedidos, comercialmente falando. Ele faturou US$ 48,7 milhões na Itália, sendo a maior bilheteria do cinema italiano no país até 2011, quando foi ultrapassado por Che bella giornata. Além disso, o faturamento mundial do filme foi superior a 229 milhões de dólares, o que rendeu o título de filme de língua estrangeira com maior bilheteria nos Estados Unidos até o lançamento de O Tigre e o Dragão, em 2000. 7. Até o Papa aprovou Em 1999, o então líder da igreja católica Karol Wojtyła, conhecido como Papa João Paulo II, assistiu uma sessão privada do filme com o próprio Benigni e nomeou La Vita è Bella como um dos seus cinco filmes favoritos para o jornal estadunidense Boston Review. 8. No primeiro prêmio, jurado com pés beijados Em 13 de maio de 1998, menos de seis meses após seu lançamento, La Vita è Bella concorreria no 51º Festival de Cannes, um dos mais tradicionais eventos do cinema mundial, ocorrido na cidade de Cannes, na França. O júri daquela edição foi presidido pelo premiado cineasta estadunidense Martin Scorsese, produtor e roteirista de filmes como O Lobo de Wall Street, Taxi Driver e Os Bons Companheiros. La Vita è Bella ganhou o Grand Prix como melhor filme, e seu diretor Roberto Benigni ao receber o prêmio, beijou os pés do presidente do júri, Martin Scorsese. 9. Dois anos depois, 7 indicações, 3 oscars vencidos e muito humor Na 71º cerimônia do Oscar em 1999, La Vita è Bella foi indicado a sete categorias, incluindo Melhor filme, Melhor roteiro original e Melhor diretor, mas recebeu o prêmio máximo do cinema como Melhor trilha sonora (drama) para Nicola Piovani, Melhor filme estrangeiro e Roberto Benigni recebeu o óscar como Melhor ator. O comportamento de Benigni na cerimônia foi considerado um dos mais marcantes da história da premiação, já que ele pulou em cima dos assentos enquanto caminhava para o palco para aceitar seu primeiro prêmio. Ao receber o segundo, disse: "Vocês cometeram um erro terrível ao me dar mais um prêmio, pois eu já usei todo o meu inglês ao receber a primeira estatueta" Quando falar com um italiano, parli italiano! 10. Amigos aconselharam a desistir do filme Durante uma entrevista após a premiação do Oscar, Roberto Benigni declarou que quando contou o enredo do filme a pessoas próximas, elas o aconselharam a não produzir o longa, uma vez que ele não era judeu e sim comediante. Além disso, havia o risco do público não se interessar por uma visão mais humorística do Holocausto ou até mesmo se ofender. Benigni decidiu então consultar o Centro de Documentação do Judaísmo Contemporâneo, sediado em Milão, durante toda a produção do longa e adicionou algumas imprecisões históricas para distinguir seu filme do verdadeiro Holocausto, sobre o qual ele acreditava que apenas documentários mostrando sobreviventes poderiam ser fiéis ao que ocorreu. Todo esse cuidado valeu a pena, não? 11. Guido Orefice foi inspirado no pai de Benigni Luigi Benigni, pai de Roberto, tornou-se membro do exército italiano depois que a Itália mudou para o lado dos Aliados, em 1943. Ele passou dois anos preso em um campo de concentração nazista e, para evitar assustar seus filhos, contou sobre suas experiências com muito humor, o que lhe ajudava a lidar com a situação, assim como Guido Orefice. Roberto Benigni explicou a filosofia do seu pai, que inspirou o personagem do filme: "Rir e chorar vem do mesmo ponto da alma. Sou um contador de histórias: o cerne da questão é alcançar a beleza, a poesia e não importa se isso é comédia ou tragédia. Eles são os mesmos se você alcançar a beleza" Inspirador não? 12. l'italiano è abbastanza La vita è bella traz um fato curioso que reflete também a cultura do povo italiano: o apego a língua mãe. O filme foi distribuído em mais de 100 países com áudio original em italiano e legendas nas línguas dos países correspondentes e se tornou um sucesso absoluto em todas as salas de cinema. Curiosamente, a versão dublada desse filme (tanto em inglês como em outras línguas), teve um fraco consumo se comparado a versão de áudio original, segundo o site especializado My Plainview. Ou seja, as pessoas preferem o filme em italiano devido ao charme da língua. Ma che bello! 13. O filme mais assistido na TV italiana Em 22 de outubro de 2001 o canal italiano RAI exibiu o filme em televisão aberta e mais de dezesseis milhões de pessoas assistiram a transmissão. Em toda a história, nenhum outro filme bateu esse índice de audiência na TV aberta do país. 14. Charadas do filme (e suas respostas) Se você assistiu o filme, certamente lembra das charadas trocadas entre Guido Orefice e o médico alemão Dr. Lessing, interpretado por Horst Buchholz, e provavelmente lembra com raiva da última, mas vamos começar pelo começo. Na cena do restaurante, Guido inicia sua conversa com o Dr. Lessing respondendo uma charada previamente estabelecida. A charada é: quanto maior eu sou, menos você vê. Você consegue adivinhar a resposta? O segundo enigma surge na sequência: Branca de neve entre os anões. Resolva essa sabichão: qual tempo lhe dá a solução? O enigma mais lembrado vem na cena da revista médica do Guido, já em poder dos nazistas. A charada é se disser o meu nome, não existo mais. Antes das respostas, vamos a uma curiosidade sobre a charada final, feita pelo Dr. Lessing ao Guido. É um momento tenso do filme, onde Guido tem a esperança de ser ajudado pelo médico alemão. Inclusive ele avisa para seu filho, Giosué Orefice (Giorgio Cantarini) que talvez o jogo terminasse naquela noite, se referindo a saída de ambos do campo de concentração. A expectativa aumenta quando o médico alemão avisa ao Guido que precisa falar algo muito importante a ele. Quando chega o momento, Lessing diz: “Sou gordo, gordo, feio, feio. Todo amarelo na verdade. Se me perguntarem onde estou, faço quá quá. Quando ando faço pó pó. Quem sou eu, adivinhe só?” Os olhos de Guido, antes esperançosos, agora jaziam incrédulos refletindo uma dolorosa decepção. E seus ouvidos não acreditavam nas súplicas do doutor: - Ajude-me Guido. Pelo amor de Deus, ajude-me. Não consigo dormir.- Essa cena costuma gerar um incômodo que custa a passar e nos leva a pensar: quantas vezes perdemos o sono com irrelevâncias e deixamos as coisas mais importante em segundo plano? O que é realmente importante na sua vida? Se sua resposta for saber a solução das charadas do filme, aqui estão elas: Quanto maior eu sou, menos você vê: A escuridão Branca de neve entre os anões. Resolva essa sabichão: qual tempo lhe dá a solução? Sete minutos. Guido explica que a resposta se estabelece em um jogo de palavras: São sete anões, que são pequenos, diminutos. Por isso que o tempo da solução (branca de neve) está entre Sete Minutos. Astuto, não? Se disser o meu nome, não existo mais. Resposta: o silêncio. A charada mais poética de todo filme. Sou gordo, gordo, feio, feio. Todo amarelo na verdade. Se me perguntarem onde estou, faço quá quá. Quando ando faço pó pó. Quem sou eu, adivinhe só. Roberto Benigni disse em entrevista que muitos fãs escreveram para ele perguntando a solução, mas aparentemente não há resposta para essa charada. Ao que tudo indica, trata-se de uma pergunta no mesmo estilo de “Qual a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?”, enigma do personagem Chapeleiro Maluco, de Alice no país das maravilhas. 15. Como está o ator que deu vida a Giosué Orefice? O pequeno Giosué foi interpretado pelo italiano Giorgio Cantarini quando o ator tinha apenas 5 anos. Atualmente, o ator postou no instagram uma foto homenageando os 20 anos do filme. Veja só como o pequeno Giosué está hoje em dia: Outra curiosidade sobre Giorgio Cantarini é que os dois longa metragens que ele participou foram vencedores de Oscar: La vita è bella e o Gladiador. 16. Façanha histórica Roberto Benigni tornou-se o segundo ator de toda a história a ganhar um Oscar por sua atuação em um filme dirigido por si mesmo. Apenas o lendário ator e diretor britânico Laurence Olivier tinha alcançado tal façanha ao ser premiado com sua versão de Hamlet, em 1948. 17. Filmado em um pequena cidade na Itália Quem não lembra da icônica cena de Guido estendendo um tapete vermelho em uma escadaria para que Dora não pisasse no chão molhado pela chuva. A cena, que foi filmada em frente a Cattedrale dei Santi Pietro e Donato ou Duomo di Arezzo, traz apenas uma amostra da belíssima cidade de Arezzo, uma pequena cidade pertencente a província de mesmo nome, que por sua vez pertence a região da Toscana, centro da Itália. Com uma população de 99 mil habitantes, Arezzo é uma cidade reconhecida pelo charme de suas ruas estreitas e construções que remetem a arquitetura de diferentes épocas: do gótico ao barroco. Mas os cenários do filme de Benigni vão além da catedral. La Piazza Grande, onde Guido vivia passando a pé ou de bicicleta , é fácil de reconhecer devido sua inclinação. Já a Basilica di San Francesco serviu como pano de fundo para Guido convidar sua amada Dora para un gelato. Nessa igreja, é possível visitar diversos afrescos de Piero della Francesca, pintor renascentista italiano. Características que agregam ainda mais charme essa província italiana que serviu como cenário para a história de La vita è bella. 18. Turismo pós-filme e outras atrações Além do sucesso de bilheteria e crítica, La Vita è bella também fomentou o turismo na cidade de Arezzo. Entre 1999 e 2002, a agência Visittuscany apontou um aumento de 10% no número de visitantes na cidade, que tinham como interesse os pontos filmados por Benigni e sua principessa. Mas as atrações de Arezzo vão além do filme. No penúltimo sábado de junho e no primeiro domingo de setembro ocorre a Giostra del Saracino, um evento que remete ao período medieval e envolve cavaleiros que representam quatro áreas da cidade. Sobre seus cavalos e com trajes de época, os paladinos galopam com sua lança na mão e investem contra o boneco armado que representa Saracino, rei das Índias e inimigo de Arezzo. Simplesmente espetacular. Já a Fiera Antiquaria é um dos mercados de antiguidades mais tradicionais da Itália e outra atração da cidade. Acontece no primeiro domingo de cada mês desde 1968. Vale a pena conferir o site da feira para conhecer mais sobre os tesouros que se pode encontrar em Arezzo e por toda Toscana. 19. Toscana, Itália Por último mas não menos importante trago informações sobre a Toscana, região onde está localizada a cidade de Arezzo, palco da filmagem de La vita è bella. A capital da região é Florença, que também é a maior cidade da região e uma das mais importantes cidades de arte do mundo e o berço do movimento renascentista. Mas os motivos para conhecer a região vão muito além da imponente capital. A região é uma das mais desejadas e amadas por turistas do mundo inteiro, devido ao seu rico patrimônio histórico e cultural, ótima gastronomia, vinhos e natureza deslumbrante, com praias e montanhas. A região também exala romance, com seus cenários de paisagens maravilhosas, castelos e pequenos burgos medievais onde os visitantes exploram a pé seus becos e ruelas. Para quem busca esportes de impacto, como trekking e ciclismo, a geografia da região aliada com suas belas paisagens estimulam a prática esportiva. Além disso, visitar os vales da região e as cidades históricas como Caprese e Arezzo é uma sensação única para perceber como La vita è bella. Se você gostou do artigo, deixe seu comentário.

  • Os italianos falam com as mãos!

    8 gestos italianos que você pode utilizar para se comunicar melhor na próxima viagem para Itália Imagine que você é o novo âncora do jornal nacional, mas você só pode se expressar no tom constante utilizado pelo William Bonner e precisa transmitir a notícia sem expressões faciais ou movimentos corporais, lembre-se: mãos apoiadas na bancada. O tom utilizado para divulgar o incêndio no museu é o mesmo para notícia do nascimento de filhotes que salvarão alguma espécie em extinção. Para dificultar a função do nosso espectador agora você deve falar sobre algo positivo, mas com uma expressão de tristeza. Ele parece compreender suas emoções, mas não faz ideia que suas palavras e gestos são opostos. Toda essa confusão deve-se ao fato de que nossa comunicação se dá de forma única, uma junção entre palavras e gestos que passam a mesma mensagem. Comunicação que, na verdade, é muito mais corporal do que verbal. Não importa o idioma, nosso corpo se expressa unificadamente. "Os italianos defendem que não há motivos para falar algo apenas com a boca se você pode utilizar todo corpo, e para isso eles possuem um gestual específico para cada situação." Apesar de ser visto em outros países como falta de educação, no Brasil e na Itália, o costume de se mover enquanto fala é extremamente normal. Origens e costumes Os italianos são o segundo povo com maior número de imigrantes vindos ao Brasil entre 1880 e 1930. Mais de 1,5 milhão de italianos desembarcaram em solo brasileiro e isso influência até hoje alguns costumes que possuímos. Um deles é o costume de “falar com as mãos”. Existem algumas teorias que buscam explicar a origem dos gestos italianos, mas a que mais se difundiu é de que os gestos advêm do comércio. A Itália possui grandes cidades costeiras e desde a Idade Média possui grande relevância comercial, principalmente pela habilidade de navegação e pesca. Muitos comerciantes iam até a Itália para comprar ou vender seus itens e encontravam muita dificuldade com o idioma, pois não falavam italiano. Na tentativa de comunicação com os locais, os comerciantes gesticulavam, e com o passar dos anos, os gestos utilizados na compra e venda de produtos ganharam inúmeras palavras. Algumas pesquisas realizadas na Itália identificaram mais de 250 gestos utilizados pelos italianos. Com o tempo o costume de se comunicar por gestos foi sendo passado entre gerações, permeando o ambiente familiar e assim alcançando o vocabulário local, tornando-se atualmente um marco cultural reconhecido em todo mundo. Muitas pessoas brincam dizendo que para se comunicar em italiano você precisa falar alto e sacudir as mãos de qualquer forma. Não caia nessa! Esses gestos são muito importantes e qualquer mínima variação muda o significado da mensagem completamente. Os italianos defendem não haver motivos para falar algo apenas com a boca se você pode utilizar todo corpo, e para isso eles possuem um gestual específico para cada situação. Pensando nisso desenvolvemos um guia de gestos para que você possa visitar a Itália se comunicando como um verdadeiro italiano. Guia de gestos italianos No Brasil comumente chamado de “mão de coxinha”, esse gesto significa um questionamento ou indignação: o que você está dizendo? Que coisa estás fazendo? Mas por quê? Para demostrar que está tudo bem se pode unir os dedos indicador e polegar, mostrando os outros dedos retos, o também conhecido “beleza” brasileiro, indicando o polegar com os demais dedos fechados. Porém, na Itália a primeira versão é mais utilizada. Outro gesto bastante utilizado na Itália é para informar que algo terminou ou não há a possibilidade de se fazer alguma coisa. Quando se vai ao mercado e não há mais algum produto, ou não se pode ajudar alguém e principalmente em questões financeiras, como quando um amigo lhe pede dinheiro emprestado e você não tem. Com o polegar para cima e o indicador aberto, formando um “L”. Move-se o polegar para um lado e para o outro mantendo o indicador reto para frente. Conhecidos mundialmente por sua culinária, os italianos não poderiam deixar de fora um gesto para demonstrar que estão com fome. Com os dedos abertos e unidos levados ao encontro do estômago, para demonstrar que o mesmo está vazio, consequentemente, se está com fome. E caso você não se interesse por algum assunto que alguém está lhe contando pode unir os dedos abertos e passá-los do pescoço em direção à boca, indicando sua indiferença. Se você deseja ir embora de algum lugar pode unir os dedos como em uma semi concha movendo-os para os lados. Se no Brasil abrir e fechar os dedos indica que algum lugar está cheio, na Itália este gesto é utilizado para dizer que alguém está com medo de fazer alguma coisa. Bom, esses são só alguns exemplos. Assim como os dialetos, também existem gestos que são característicos de cada região ou cidade. Mas e você? Está com medo de se comunicar em italiano ou se sente preparado para falar utilizando todo seu corpo? O importante mesmo é saber falar italiano verbal para não ter que depender sempre de gestos. Arrivederci!

  • A Torre de Pisa vai cair?

    Segundo alguns engenheiros, a icônica Torre de Pisa está com os dias contados. A torre pendente de Pisa é um campanário localizado atrás da catedral da cidade italiana de Pisa. Embora destinada a ficar na vertical (lógico), a torre começou a se inclinar pro sudeste logo após o início da construção, em 1173, devido a uma fundação mal construída e também a um solo mal compactado e muito fraco, de areia e argila. Esse tipo de solo é comum em Pisa. Toda a cidade tem um solo muito instável, e existem inclusive outras construções por lá que também sofreram inclinações Construída toda em mármore branco, ela pesa incríveis 14 mil e 500 toneladas, que é o equivalente a 3.100 elefantes adultos, ou a 97 baleias azuis. Também não é pequena não: do solo ao topo, a torre mede 56,70 metros, bem maior que o Cristo redentor, por exemplo, que mede 38 metros. As 3 fases de construção da Torre de Pisa Sua construção foi realizada em três fases ao longo de 177 anos. A fase inicial foi entre 1173 - 1178, quando a obra foi paralisada por quase um século, por causa de guerras entre Pisa e Genova, Lucca e Florença. Só muito tempo depois, em 1272, um arquiteto tentou sem sucesso compensar a inclinação da torre. Em 1284 a construção foi novamente interrompida devido à derrota dos pisanos pelos genoveses na Batalha de Meloria. Por fim, o sétimo andar foi concluído em 1319 e a sino-câmara foi adicionada apenas em 1372, 199 anos após o início da construção. Para evitar que ela caísse por terra, entre 1990 e 2001 a torre passou por um trabalho de restauração bem complexo, fazendo com que a inclinação de 5,5 graus fosse reduzida para 3,9. Mesmo assim, futuramente será necessária uma nova reforma, porém a tecnologia pra manter a torre de pé ainda não existe, por isso os engenheiros deram um “prazo de validade” para a famosa torre pendente. Bom, se você pretende um dia visitar esse curioso monumento italiano, não se preocupe, ela não vai cair assim tão fácil. Mas só graças ao esforço enorme que durou 11 anos e corrigiu um pouco a sua inclinação e fortaleceu a sua base. 8 curiosidades sobre a Torre de Pisa 1 - Possui em torno de 296 degraus. 2 - A torre possui sete sinos, um para cada nota musical. O maior deles foi instalado em 1655. 3 - Galileu Galilei, segundo uma tradição, deixou cair duas balas de canhão de massas diferentes de cima da torre para demonstrar que a sua velocidade de queda era independente da sua massa. 4 - Em 27 de fevereiro de 1964, o governo da Itália solicitou ajuda para impedir a queda da torre. Foi, no entanto, considerado importante manter a inclinação, devido ao papel vital que este elemento desempenha na promoção do turismo de Pisa. Uma força tarefa multinacional, composta por engenheiros, matemáticos e historiadores, reuniu-se a fim de discutir os métodos de estabilização. Vários métodos foram propostos, incluindo a adição de 800 toneladas de contrapesos. 5 - Houve uma controvérsia sobre quem foi o arquiteto que projetou a torre, alguns nomes aos quais o projeto foi atribuído foram: inicialmente os de Guglielmo e Bonanno Pisano e posteriormente, Diotisalvi, mas na verdade não existe um registro oficial de nenhum deles, originando assim essas especulações. 6 - Em 1987 a Torre de Pisa foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO. 7 - Em maio de 2008, após a remoção de mais 70 toneladas de terra, os engenheiros anunciaram que a torre tinha sido estabilizada e que havia parado de se mover pela primeira vez em sua história. 8 – Quando a torre vai cair? Os engenheiros declararam que a torre de pisa ficará estável durante pelo menos 200 anos. Ou seja, se você está lendo esse artigo no ano de 2208, não suba na torre, apenas tire algumas fotos de longe que já está ótimo. E você, já visitou Pisa? Já tirou aquela foto clássica "segurando" a torre? Veja esse vídeo do meu canal no youtube onde eu explico todos esses fatos sobre a Torre e no final ainda dou várias dicas de frases em italiano que serão muito úteis na sua viagem! Não esqueça de se inscrever no canal para não perder nenhum conteúdo. Até o próximo artigo.

  • O cimento romano é o melhor do mundo - até hoje!

    Você sabia que uma invenção de engenharia do tempo do império romano, mesmo após 2000 anos, ainda não foi superada e nem pôde ser copiada pelos engenheiros de hoje? Em geral, a humanidade é muito melhor em fazer coisas agora do que a gente era no passado. Mas tem certas coisas que os antigos acertaram, e nós ainda não conseguimos. O concreto romano, por exemplo, é muito melhor do que o concreto usado hoje em dia. E acredite se quiser, construções como o Panteão, por exemplo, ficam mais resistentes a cada dia que passa. Isso não é incrível ? Existem portos marítimos na Itália feitos de concreto romano que continuam de pé após milhares de anos. Enquanto isso, uma estrutura moderna de cimento Portland, nosso cimento moderno, teria sorte se durasse 50 anos estando exposta à água salgada. Qual o segredo do cimento romano? Os romanos faziam concreto ao misturar cal, cinza vulcânica, abundante na Itália, e um ingrediente inusitado… água do mar. Justamente o maior inimigo do concreto moderno. Quando os romanos faziam a mistura, a água do mar provocava imediatamente uma reação química quente. A cal era hidratada — incorporando moléculas de água na sua estrutura — e reagia com as cinzas para cimentar toda a mistura. E qual seria — finalmente — o grande segredo para a durabilidade desse concreto? Bom, a mistura formava um mineral chamado tobermorita aluminosa, e aí que está o segredo, esse mineral fica cada vez mais forte com o passar do tempo. Se não forem destruídas por mãos humanas ou um terremoto muito forte, é muito provável que as construções do império romano, como o Panteão, os aquedutos, o coliseu, o Fórum de César e tantas outras estruturas, ainda estejam de pé daqui a mil ou 2 mil anos. Agora os cientistas estão tentando descobrir a receita, o modo de fazer esse concreto, mas já estão falando que será muito difícil, quase impossível, conseguir uma forma viável de produção. Primeiro porque os materiais utilizados pelos romanos quase não existem fora da Itália e também porque sintetizar o mineral tobermorita aluminosa não é economicamente viável. Além disso, os cientistas também não sabem como criar um concreto que tenha a mesma reação química do concreto romano. Ainda há muito trabalho a ser feito para adaptar as técnicas tradicionais de construção romana às necessidades de hoje, mas quem sabe um dia a gente chega lá. 4 super curiosidades sobre cimento romano 1 - Solo da região Por Roma estar situada sobre uma região de solos arenosos de origem vulcânica, com pouca capacidade de suporte, adotavam-se espessos radiers, um tipo de fundação que funciona como uma laje contínua de concreto armado em toda a área da construção, transmitindo as cargas da estrutura para o terreno, para que fosse reduzida a pressão aplicada sobre o solo. Exemplo disso foi a fundação do Coliseu. Os romanos construíram uma base em forma de anel com 12 metros de profundidade, feito com concreto ciclópico, que consiste na incorporação de pedras denominadas “pedras de mão” ou “matacão” ao concreto já pronto. Da mesma forma, o Panteão de Roma se assenta sobre um anel de concreto com 4,5 metros de profundidade e 7 metros de largura. 2 - O concreto de hoje é inspirado no cimento romano A ideia essencial do concreto armado, ou seja, barras metálicas associadas à pedra ou argamassa para aumentar a resistência às tensões, também remonta ao tempo dos romanos. Em estudos realizados em Termas de Caracalla, em Roma, construída entre 212 d.C. e 217 d.C., notou-se a existência de barras de bronze na argamassa, em pontos aonde o vão a vencer era maior do que o normal na época. 3 – o concreto só foi “reinventado” depois mil anos Depois dos romanos, a humanidade ficou séculos sem usar o concreto, que só foi reinventado recentemente, em 1824, por um construtor inglês chamado Joseph Aspdin, que patenteou um cimento chamado Portland, que, aliás, é o que usamos até hoje. 4 – Ecologicamente correto Além de ser mais resistente, o concreto romano também era menos agressivo ao meio ambiente, uma vez que produção do cimento Portland é extremamente poluente. O calcário usado na fabricação do cimento deve ser aquecido a 1.450 graus Celsius, liberando uma enorme quantidade de Co₂ (o famoso e perigoso dióxido de carbono) na atmosfera. Só em 2016 a produção de cimento gerou 2,2 bilhões de toneladas de Co₂. Agora que você já sabe tudo sobre o concreto romano, que tal assistir ao vídeo que fiz falando de um dos maiores símbolos da Itália, a Torre de Pisa? Você sabia que os engenheiros já deram um prazo para ela finalmente se inclinar até cair? Sim, ela já tem data para cair… confira no vídeo abaixo: Até o próximo artigo.

  • 5 Comidas (muito esquisitas) que os italianos adoram.

    Para quem acha que comida italiana é só massa e queijo, está muito enganado. Você não vai acreditar em alguns pratos dessa lista. Quando se fala em Itália, existem dois tipos de pessoas. Existem aquelas que pensam em grandes construções, como o Coliseu e o Duomo di Milano, pensam em toda a arte, cultura e história desse país. Esse tipo de pessoa sonha em conhecer as magníficas catedrais espalhadas pela península, ver de perto a Última Ceia de Da Vinci e a Pietà de Michelangelo, visitar Florença para conhecer o berço do Renascimento.. E existem as pessoas que pensam, imediatamente, em comida. Pizza napoletana, bucatini all’Amatriciana, spaghetti alla carbonara, gnocchi, gelato, tiramisù… a cozinha italiana é tão rica que ler essa pequena lista já dá água na boca. Se você é do segundo tipo de pessoa, com certeza entende o que estou falando. Alguns dos pratos são tão estranhos para nós brasileiros, que parece impossível imaginar que eles realmente gostem de algo assim. Mas eu garanto: é tudo verdade (acredite se quiser). O que você talvez não saiba é que, além das delícias que nós já conhecemos, os italianos também comem algumas coisas bem… diferentes. Mas chega de conversa, vamos aos pratos. Prato número 5: Coda alla vaccinara (Roma) Começando pelo menos “esquisito” dos pratos, a Coda é um guisado de rabada (a cauda da vaca), cozida por horas em um molho de tomate e outros vegetais. Após o cozimento, a carne fica tão macia que desprende dos ossos, depois de absorver os sabores do molho. O que você acha, parece bom, certo? Prato número 4: Pajata (Roma) O próximo prato da nossa lista é a Pajata, que assim como a Coda alla vaccinara é um prato típico de Roma. E o que seria isso? A Pajata nada mais é que o intestino de um bezerro que ainda não foi desmamado. Ou seja, ainda se alimenta apenas de leite e não chegou a comer capim. Teoricamente, esse leite torna o prato muito cremoso e saboroso após o cozimento. Mas, claro, é necessário ter muito cuidado: caso o bezerro já tenha comido qualquer coisa além de leite, o intestino será cozido com fezes (o que, acredite, não é incomum!). Geralmente, a Pajata é servida em um molho com rigatone, uma massa curta em forma de tubo, mas também pode ser grelhada. O que achou, parece saboroso? Prato número 3: Sanguinaccio ou Torta al sangue di maiale Quem não gosta de uma boa torta? Na Itália, mais popular nas regiões da Calábria e Campânia (cuja capital é Nápoles), existe uma torta chamada sanguinaccio, que pode ser feita doce ou salgada e leva um ingrediente muito especial. O prato leva farinha, sal, açúcar, leite, cacau… e, literalmente, sangue de porco. Sim! O ingrediente “secreto” da torta é sangue. Infelizmente (ou não, depende do seu ponto de vista), esse prato tradicional foi proibido devido ao alto risco de contaminação. Mas eu não duvido que você ainda possa encontrar essa iguaria em algum restaurante perdido pela Itália... Prato número 2: Lumache crude Peixe cru, principalmente na forma de sushi, é um prato muito popular aqui no Brasil. Os italianos, por outro lado, consomem outro animal cru: caramujos ou caracóis! Os italianos costumavam comer muito esse animal, direto da concha. Isso porque, além do sabor, acreditava-se que comer caramujo cru era um bom remédio contra gastrite e outros problemas gastrointestinais. Como atualmente existem maneiras mais eficazes (e menos esquisitas) de tratar tais problemas, os caramujos já podem passear tranquilamente sem o medo de serem engolidos por algum italiano com gastrite. Prato número 1: Casu Marzu (Sardenha) A última comida da lista é um queijo. E se você acha que os franceses têm um gosto duvidoso por comerem queijo com mofo, espere até saber o que os italianos colocam nesse queijo: larvas de mosca. VIVAS! As pequenas larvas são responsáveis pela fermentação do leite, resultando em um queijo mais macio e saboroso. Mas atenção: o queijo torna-se tóxico quando as larvas morrem. Por isso é muito importante que se coma com as larvas vivas - de preferência, enquanto ainda estão se mexendo! Brincadeira, é comum deixar o queijo em um saco plástico fechado por alguns minutos para sufocar as larvas, mas o queijo deve ser comido imediatamente depois para evitar intoxicação. Por esse motivo o Casu Marzu chegou a ser proibido, mas os italianos são tão apaixonados por essa iguaria que um mercado clandestino desenvolveu-se apenas para vendê-la. Hoje em dia é possível comprar o queijo sem atentar contra a lei. E você, gostaria de experimentar? Nada melhor para um café da tarde do que uma fina fatia de pão, um queijo saboroso e algumas larvas, certo? Comente o que você achou.

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